Hospital público em Goiás gasta R$ 3.200 de doações em bilhetes da Mega-Sena para funcionários
A diretoria do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), o maior da cidade, registrou 1.600 apostas da Mega-Sena da Virada e as doou para funcionários comissionados e efetivos. Foram gastos R$ 3.200 com os bilhetes, que foram entregues acompanhados de um cartão de Ano Novo.
Segundo a direção, os recursos vieram de empresas parceiras, que não tem nenhuma ligação com o governo do Estado de Goiás. O objetivo, ainda de acordo com a diretoria, é dar um incentivo aos trabalhadores.
“Achamos justo criar essa oportunidade e esperança para os funcionários”, afirmou a diretora do Hugo, Ivânia Fernandes.
Alguns funcionários gostaram da iniciativa. Outros afirmaram que o dinheiro teria sido mais bem usado para melhorias no próprio hospital, pois o local enfrenta diversas denúncias de irregularidades.
No final de novembro a reportagem do UOL Notícias mostrou uma funcionária que cobrava propina para furar a fila de cirurgias na rede pública de saúde.
O cartão que estava junto ao bilhete vinha com um pedido, para que, se houver algum ganhador entre os funcionários, não se esquecerem do Hospital de Urgências de Goiânia.
Para o médico ortopedista José Altair Ázara, que trabalha no Hugo, o presente poderia ser diferente. “Para nós, funcionários, o bom mesmo seriam melhores condições de trabalho”.
A Secretaria Estadual de Saúde confirmou que o dinheiro não incluía verbas públicas, reconheceu a crise pela qual passa o hospital, e acrescentou que os “presentes” foram uma maneira de incentivar médicos e trabalhadores neste final de ano.
As empresas parceiras que doaram o dinheiro não foram identificadas pela diretora, pois muitas contribuem anonimamente com a instituição e teriam ligações particulares com ela.
No Ministério Público, que está em recesso até o dia 6 de janeiro, ninguém foi localizado para falar sobre o assunto.
Transcrito do Portal do UOL.
Pitaco do blog
Definitivamente, os brasileiros estão conseguindo relativizar determinados conceitos aparentemente solidificados durante o processo civilizatório. Ética, moral e legalidade, entre outras, são palavras que tiveram sua extensão alargada. Em breve, qualquer conduta, por mais reprovável que seja, poderá ser enquadrada nos conceitos extraíveis dessas palavras. A partir de então, essas expressões perderão a razão de ser, uma vez que terão significados comuns, confundíveis com os de outras inúmeras palavras.
Essa sensação de que tudo é normal e permitido faz um imenso mal para a população. Perdem-se referenciais de conduta. Nos conduz ao caos.
No caso noticiado, pouco importa a origem dos recursos "investidos" na sorte dos funcionários. Os hospitais públicos, que eu sabia, possuem finalidades públicas. Dessa forma, mesmo que as doações viessem de um bondoso traficante de drogas (hipótese absurda, por óbvio), os recursos deveriam ser canalizados para a melhoria do atendimento ao público ou, numa hipótese mais provável, na diminuição dos problemas financeiros dos hospitais públicos.
Por fim, importa dizer que esse tipo de notícia tem que produzir algum efeito. Claro, não estamos esperando que o Poder Público puna os criativos gestores do Hospital e determine a devolução do dinheiro "jogado' no lixo. Embora sejam as ações corretas, nessa altura do nosso jogo ético, seria pedir demais. Não ousamos ser tão ingênuos assim. Desejamos apenas que essa informação tenha ampla divulgação, servindo de motivo de reflexão por parte da sociedade. Evitar certos erros pode contribuir para a diminuição da sensação de absoluta normalidade de todas as condutas.
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Um comentário:
Sorteio faz parte da vida hospitalar afinal até tiram a sorte pra ver quem deve ser atendido. Aproveitando a oportunidade quero alertar que está sendo muito difícil entrar no site do Observatório diretamente. Tenho conseguido pelas postagens do Facebook. Será culpa do Novo Modelo?
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