Não sou especialista na área da saúde pública. Falo como simples cidadão, talvez movido pela indignação em ver o atual estado de coisas.
Em dez itens, articulo as falhas visíveis na gestão da saúde pública do município:
1º o Pronto Socorro Municipal não consegue atender à demanda. Faltam-lhe pessoal e equipamentos;
2º o Hospital Municipal ainda não entrou em funcionamento. Além das graves irregularidades ocorridas na sua construção, contribui para essa demora (talvez, impossibilidade) a ausência de recursos humanos e materiais para fazê-lo funcionar;
3º o corporativismo de parte da classe médica impede que o serviço seja prestado com qualidade. É comum o descumprimento das jornadas de trabalho por alguns médicos. É a política do
quanto pior, melhor, empurrando os pacientes para o setor privado ou, literalmente, para a cova;
4º a má gerência dos recursos humanos, caracterizada pela falta de aplicação dos princípios hierárquico e disciplinar, permitindo a impunidade de falhas funcionais, a exemplo do não-cumprimento das jornadas de trabalho por alguns médicos;
5º o Secretário de Saúde costuma não comparecer à Secretaria, preferindo desempenhar suas funções diretamente em seu consultório particular na Clínica Santa Marta, onde costuma despachar e praticar atos administrativos;
6º a Secretaria não consegue sequer realizar uma licitação para contratar cirurgias de catarata, sujeitando os cidadãos (seres humanos) a aguardar por mais de um ano numa fila cada vez maior;
7º o Município está refém dos hospitais, clínicas e laboratórios privados, na medida em que não consegue prestar, diretamente, serviços básicos de saúde. Pior: essa dependência tende a se ampliar cada vez mais, sobretudo em relação à Santa Casa de Misericórdia, entidade supostamente sem fins lucrativos, que vai se enriquecendo às custas dos recursos de convênios;
8º com a conivência dos gestores, alguns estagiários da Unipac desempenham, indevida e isoladamente, funções que deveriam ser exercidas por médicos, colocando em risco a própria população. Pior que isso: os médicos continuam recebendo como se estivessem, eles próprios, realizando o atendimento;
9º falta de humanização do atendimento ao público, ocasionando excessiva demora e, até mesmo, a morte de pacientes sem atendimento dentro do Pronto Socorro Municipal;
10º a indevida ingerência do poder político no setor, sobretudo por parte da Presidente da Câmara, que indicou e vem garantindo a manutenção no cargo de um secretário de saúde que, convenhamos, não vem desempenhando a contento as importantes atribuições da Pasta da Saúde.
É isso!