O trabalho de inquirição da “CLI da Caçamba” foi reiniciado às 14 horas de hoje (09), desta vez para ouvir o Dr. Leonardo Furtado Borelli, procurador do Município de Araguari. O procurador foi chamado para testemunhar, porque teve seu nome citado no depoimento do ex-funcionário Jander Patrocínio como sendo o responsável pela entrega à Secretaria de Serviços Urbanos de uma “mala preta” com o valor de R$147.000,00 (cento e quarenta e sete mil reais) para pagamento parcial dos serviços prestados por Juliano dos Reis (dono do Disk Caçamba).
Inicialmente em seu depoimento Borelli destacou que não conhecia o Sr. Juliano dos Reis, durante a época dos fatos (Janeiro a Julho de 2013), que o conheceu o empresário no ano de 2015 apenas. “Eu não conhecia o Juliano, fui conhecê-lo ao final de 2014 ou início de 2015, nunca havíamos trocado uma palavra”, informou o procurador.
Leonardo Borelli disse, ainda, que determinou a abertura de uma sindicância interna na Prefeitura, para descobrir se estavam sendo realizados os serviços sem contrato, pois ficou sabendo disso através das redes sociais. “Acredito que o trabalho foi realizado de forma eficaz, pois o Sr. Juliano nunca requereu, por escrito, até o dia de hoje, os cálculos para pagamento. Ele tem que realizar este pedido para existir no mundo judicial, por isso não ouvimos ele durante a sindicância”, disse Leonardo Borelli.
Indagado se a Secretaria de Serviços Urbanos teria documentado algo no teor de “ficar tranquilo” em relação aos serviços do Disk Caçamba quando o assunto começou a ser borbulhado, Borelli disse não se recordar. “O Sr. Uguney poderia ter usado mais o Departamento de Licitações ou o Jurídico da Prefeitura. Várias pessoas que têm contrato regulares passaram a perguntar se realmente estavam acontecendo serviços sem contrato. Apesar de o serviço ter acontecido por um período longo, o gestor da pasta não se atentou ao fato, e disse que isso não estava acontecendo. Ele foi advertido que se isto estivesse acontecendo era pra parar, porém ele dizia que não estava acontecendo nada. Da maneira que foi feito (boca a boca), só podia dar errado”, informou.
Borelli citou também que irá tomar as medidas judiciais pelo que disse o Sr. Jander em relação a ele ter levado uma “mala preta” para a Secretaria de Serviços Urbanos. “Eu nego veemente que eu tenha feito isto, e digo mais, irei processar o Sr. Jander pelo fato de ter falado aqui nesta CLI que pegou a quantia de R$147.000,00 em uma mala preta comigo para efetuar o pagamento dos motoristas. Ele vai ter que provar na justiça o que disse, e em relação ao horário de 23h é muito fácil de comprovar, pois existem porteiros na Prefeitura”, disse o procurador.
Durante o depoimento, aconteceu um certo clima de tensão, pois o depoente citou o vereador Rafael Guedes como sendo alguém que tem ligação intima com o empresário. “O senhor vereador Rafael me procurou por várias vezes relatando os fatos ocorridos, dos quais eu não tinha conhecimento. O senhor tinha um relacionamento pessoal com o empresário. Eu abro mão do sigilo telefônico, e gostaria que o vereador membro fizesse a mesma coisa, para que fique comprovado quem tinha contato com o Sr. Juliano”, propôs o procurador.
Apesar de dizer que conheceu o empresário Juliano ao final de 2014 e inicio de 2015, Leonardo Borelli confirmou próximo ao fim de seu testemunho que trocou mensagens de “whats app” com o empresário e que o recebeu em sua sala para se inteirar do assunto. “Confirmo que são reais as mensagens lidas, o Sr. Juliano foi ao meu gabinete para explicar a situação e eu estudei se seria possível efetuar o pagamento, mas não foi possível. Quando digo nas conversas que tudo se resolverá, é que sempre gosto de dar uma resposta positiva, tenho muita fé em Deus”, disse o procurador. As mensagens trocadas pelo aplicativo foram realizadas nas datas de 14/02/2014, 15/02/2014, 17/02/2014, 19/02/2014 24/02/2014, 05/03/2014, 07/03/2014, 08/03/2014, 12/03/2014, 18/03/2014 e 09/12/2014.
Leonardo Borelli ainda criticou a forma como esta sendo conduzida a CLI em relação à imprensa: “O que atrapalha os trabalhos da CLI são os constantes vazamentos para a imprensa e não a nota oficial redigida por escrito pelo chefe do Poder Executivo. Utilizam desses mecanismos pois não tem como vir até aqui se defender de levantamentos na tribuna desta casa, e também dos meios de imprensa”, desabafou Leonardo Borelli.
Após as críticas, o vereador membro Rafael Guedes informou que não daria mais entrevistas e pediu aos outros componentes da CLI que também não o fizessem. O presidente da comissão José Joaquim Viera (Tiãozinho) informou que não serão dadas entrevistas até o final da CLI. O procurador, também, disse não querer falar sobre o assunto.
Ao finalizar, Borelli informou não se lembrar de que algum outro vereador o tenha procurado para tratar do assunto além de Rafael Guedes, e disse também que todas as atitudes tomadas foram para preservar o erário público. “A apuração iniciou-se por minha iniciativa com a sindicância, que se iniciou por acesso a fofocas das redes sociais. Ela foi devidamente conduzida pelos membros da comissão sindicante, ocasião em que foi prolatado um relatório em que os fatos ficaram evidenciados e que o município tomou todas as providências cabíveis para que o mesmo não ocasionasse nenhum dano ao erário público”, finalizou Leonardo Furtado Borelli.
Estiveram presentes durante o depoimento, advogados das partes envolvidas além dos vereadores, Claudio Coelho, Luiz Construtor e Wesley Lucas. Vários cidadãos também acompanharam a inquirição.