Nem a propaganda bancada pelos contribuintes, como as próprias campanhas eleitorais, a cargo da justiça eleitoral, toca na parte mais importante do processo: a de que os eleitos serão funcionários públicos.
Quem vence uma eleição ocupa lugar semelhante a alguém que consegue um cargo de confiança numa empresa. E teria de prestar contas aos eleitores e a todos os contribuintes, os donos do dinheiro.
As propagandas feitas pela justiça eleitoral que já ouvi e vi até agora não tocam nesse ponto. Falam de voto consciente, da importância da democracia e até da ficha limpa.
A grande massa do eleitorado --- o voto é uma obrigação, é sempre bom lembrar --- desconhece o funcionamento dos esquemas de lobby que influenciarão os eleitos.
Os grupos de pressão começam a atuar já no financiamento das campanhas eleitorais. São esses grupos os verdadeiros “donos” dos mandatos dos ocupantes de cargos públicos eletivos.
Quanto menos pessoas souberem como a dita representação popular funciona, mais as elites comandarão o funcionamento das chamadas máquinas públicas.
Em síntese, é o dinheiro de todos beneficiando os grupos pequenos e privilegiados de sempre.
Nem a justiça eleitoral tem interesse em contribuir para esclarecer o cidadão. Até porque ela própria faz parte da turma do andar de cima.
É lamentável que isso aconteça, leitor. Até onde a vista alcança, a embromação continuará. E o que assistimos nada mais é do que a obrigatoriedade de o eleitor legitimar uma democracia de fachada.
Embora as eleições sejam municipais --- votações de dois em dois anos só interessam aos próprios políticos e seus apaniguados --- cito aqui exemplos de lobby em Brasília.
Grandes empresas e corporações mantêm mansões às margens do Lago Paranoá, área nobre de Brasília, para receber parlamentares e autoridades. São contatos em que os lobistas fazem valer os interesses de suas turmas.
O eleitor comum, terminada a votação, vai cuidar da vida. E ainda ouve observações absurdas, como a de que se errar nas urnas, só terá oportunidade de corrigir isso nas próximas eleições.
É como se um empresário só pudesse contratar funcionários de tempos em tempos e não tivesse nenhum mecanismo de “enquadrar” quem para ele trabalha durante o período.
Então, forma-se o círculo vicioso. Ao eleitor sem informação e formação está reservada apenas a condição de enganado. Sempre.
Transcrito do Blog do Valdeci Rodrigues
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