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segunda-feira, 30 de setembro de 2024

O contrassenso das urnas: quando a maioria escolhe o opressor



Ah, Brasil, terra de tantas contradições. É curioso como as mulheres, que são a maioria desse país, escolhem colocar no poder homens que tantas vezes representam os mesmos ideais que as oprimem. Elas, em grande número, caminham até as urnas e, quase como se fosse um paradoxo, entregam seu voto àqueles que sustentam um machismo que as mantém em segundo plano. A maioria escolhe a minoria como quem confia nas promessas que, sabemos, são vazias.

E há a honestidade, essa característica tão exaltada por nós, brasileiros. Dizemos, com convicção, que somos um povo honesto, que repudia a corrupção. Mas na hora do voto, não é raro que escolhamos colocar no poder aqueles cujo histórico está manchado de desvios e falcatruas. Políticos que fazem parte de quadrilhas especializadas em tirar de nós, trabalhadores, o pouco que conseguimos com suor e luta. A honestidade da maioria do povo não parece encontrar reflexo nas escolhas que fazemos ao votar.

Um país de desigualdade explícita, onde a maioria é pobre, mas, paradoxalmente, é essa mesma que elege os representantes da elite rica. Aqueles que, do alto de seus privilégios, pouco conhecem da realidade de quem luta dia após dia para sobreviver. É quase como se a pobreza, desprovida de opções reais, se agarrasse à promessa do opressor. Assim, os abismos sociais se aprofundam e a distância entre o andar de cima e o de baixo se torna cada vez maior.

E o que dizer da questão racial? O Brasil é uma terra de negros e indígenas, herdeiros de uma história de resistência e força. Mas, ironicamente, ao escolhermos nossos líderes, vemos a cor pálida do poder se perpetuar. Brancos são eleitos para comandar, enquanto aqueles que têm a pele marcada pela história de opressão continuam à margem. Os vulneráveis seguem sendo ignorados, enquanto os que chegam ao poder atuam para manter essa desigualdade inalterada.

O Brasil, afinal, parece ser um eterno dilema entre aquilo que somos e aquilo que escolhemos para nós mesmos. A esperança do voto se torna, muitas vezes, a ferramenta que nos prende ao mesmo ciclo de promessas vazias e de ilusões quebradas. Talvez, um dia, essas contradições deixem de ser vistas como algo normal e, quem sabe, o povo passe a escolher representantes que realmente reflitam a diversidade, a justiça e o futuro que tanto merecemos.

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