Nas ruas de pedras de Medievália, onde o tempo parece ter parado, ecoam os sons das carroças dos leiteiros, lembrando um passado em que a modernidade ainda não apagara as tradições. As rodas de madeira rangem sobre o empedrado, e o aroma do leite fresco mistura-se ao ar matutino. Coronel Laranja Lima, com sua paixão quase obsessiva por reformar praças, dedica-se a trocar os antigos lampiões por outros mais elegantes, brilhando como estrelas compradas a peso de ouro.
O sussurro do córrego Brejo Feliz serpenteia pelo vilarejo, carregando segredos e histórias em suas águas cristalinas. Mas, em meio à serenidade bucólica, há tramas mais escuras. A Universidade Unilav é comandada pelo todo poderoso Jota, um reitor cujos planos se estendem além dos muros acadêmicos. Ele tenta incessantemente derrubar a vice-prefeita Maria, chamada de a "rainha dos cafeicultores", arquitetando colocar o secretário Ricky Martin, seu apadrinhado, como candidato a vice nas próximas eleições.
Jota, ardiloso e calculista, visa a completar seu domínio sobre o Paço Municipal. Seu plano inclui a reeleição do Coronel Laranja Lima, que, ao se candidatar a deputado da República Bananeira do Brasil, deixaria Ricky Martin assumir a prefeitura. Mas as bocas de Matilde, sempre afiadas, duvidam das boas intenções do reitor. Sussurram que ele planeja cassar o prefeito logo no início do novo mandato, armado com um vasto arsenal de denúncias de corrupção e usando a influência de parentes poderosos, como um desembargador na Corte de Justiça da Capitania de Minas do Ouro. Concretizado o plano, Jota teria o prefeito substituto nas mãos para ampliar o lucro da Unilav e de outras empresas de seu poderoso grupo econômico, irrigando-as ainda mais com farto dinheiro do contribuinte medievalense.
Ricky Martin, alheio às suspeitas ou talvez cúmplice dissimulado, segue cantando: "Un, dos, tres... Un pasito pa' atrás, Maria", com um sorriso de orelha a orelha, enquanto a trama de Medievália se desenrola, entrelaçando poder, corrupção e a eterna luta pelo controle. E assim, o pacato vilarejo se mantém em um delicado equilíbrio entre o brilho dos novos lampiões e as sombras das conspirações.
Perdoe-me, doutor Dejair Flávio de Lima, por ousar invadir a seara da ficção realista que tão bem representa. Mas, as histórias de Medievália pedem para serem contadas, em meio ao murmúrio do Brejo Feliz e os sussurros dos bisbilhoteiros de plantão.
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