domingo, 12 de junho de 2011

Boleiras Pioneiras

Motivos de orgulho para os araguarinos. Mulheres maravilhosas. Contra tudo e contra todos! Pioneiras do futebol feminino num país onde jogar bola era coisa só de homem. Parabéns a todas! Parabéns também a Teresa Cristina! Resgatou parte bonita da nossa história. Eternizou o nome dessas mulheres fantásticas. Vem destacando o nome da cidade.

Abre aspas para o Uol e Folha de S. Paulo, edição de hoje:

Primeiro time feminino brasileiro é reativado em Minas

LUCAS REIS
ENVIADO ESPECIAL A ARAGUARI

Vinte e poucos peladeiros de fim de semana observam as cinco alegres senhoras posando para fotos nas traves de um acanhado estádio na cidade de Araguari (MG), a 671 km de Belo Horizonte.


Nos anos 50, futebol feminino tinha gracejos, fãs e talento

           Lalo de Almeida/Folhapress 
Jogadoras do 1º time feminino posam em campo de Araguari

Era o intervalo da tradicional pelada da tarde do último sábado. Diante eles, um capítulo quase esquecido da história do futebol brasileiro. Do futebol feminino, claro.
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Elas são as pioneiras da bola no Brasil. As precursoras de uma modalidade hoje comandada por Marta, a melhor do planeta, e que vai buscar a Copa do Mundo na Alemanha a partir do dia 29.
Após 52 anos, o Araguari Atlético Clube voltará a ter um time feminino de futebol.
O primeiro que ele montou, entre 1958 e 1959, durou dez meses e apresentou ao país, cercado de assombro e sucesso, 22 meninas que, audaciosamente, deixaram o machismo de lado para mostrar as pernas e jogar bola.
Hoje senhoras entre 60 e 70 anos, as primeiras jogadoras de futebol do Brasil já receberam homenagens em Minas. Agora buscam o reconhecimento da rainha Marta e do governo brasileiro.
GLAMOUR E CHUTEIRAS
Araguari, 1958. A cidade via um de seus tradicionais colégios passar por dificuldades financeiras.
A escola pediu ao diretor do Araguari, um dos dois times da cidade, para fazer um amistoso e arrecadar fundos.
"Meu pai pensou em reunir as meninas da cidade e fazer uma partida diferente", diz a historiadora Teresa Cristina Montes Cunha, filha de Ney Montes, então diretor da agremiação mineira.
A historiadora, responsável por levantamento do episódio, diz que, até então, no Brasil, só "apresentações circenses" e jogos de salão citavam mulheres no futebol.
Escolas e rádios divulgaram o que seria a primeira peneira feminina do país que, meses antes, havia vencido sua primeira Copa do Mundo, na Suécia. Quarenta meninas, entre 12 e 18 anos, apresentaram-se, e 22 foram selecionadas para o time.
Durante dois meses, as moças, todas estudantes e bem-nascidas, atraíram a atenção da cidade.
"Araguari inteira soube que havia um time feminino sendo formado. Os treinos eram lotados", conta Heloísa Marques, 64, ex-meia e professora aposentada.
Como não havia equipes adversárias, 11 moças jogaram com a camisa do Araguari e 11 vestiram o uniforme do rival Fluminense-MG.
A primeira partida, em dezembro, foi um sucesso. Depois surgiram convites das cidades da região para jogos das "pioneiras da bola".
A revista "O Cruzeiro" fez uma extensa reportagem. "Glamour usa chuteiras" era o título da história. O time virou assunto nacional.
"Parece curioso, mas a verdade é que um bom número de jovens, e jovens formosas, pratica esse esporte em Araguari. Futebol autêntico", dizia a reportagem.
Em nove meses, elas arrastaram pequenas multidões em várias cidades do interior de Minas, chegaram a Belo Horizonte, Goiânia e Salvador, onde desfilaram em carro aberto pela cidade.
Foram cerca de dez partidas. Até que o sucesso chamou a atenção da sociedade e da igreja de Minas: vieram as pressões para vetar o jogo.
Colégios de freiras pressionaram contra suas alunas boleiras. Em Tupaciguara, ameaçaram atear fogo no ônibus caso as jogadoras entrassem na cidade.
Quando veio convite para jogar no México, apareceu a proibição do extinto CND (Conselho Nacional de Desportos), em 1959, que resgatou antigo decreto-lei que citava "esportes incompatíveis com as condições da natureza das mulheres".
Era o fim do futebol feminino no país, que só voltaria a reaparecer nos anos 70.
Neste ano, o Araguari reativou seu futebol e formará equipe feminina. As veteranas foram homenageadas pelo município. Aguardam agora resposta do governo federal para ver o time reconhecido como pioneiro. E sonham encontrar Marta.
"Se o Brasil for campeão, terá um dedinho nosso",afirma Zalfa Nader, 66, a primeira capitã do Brasil.

Transcrito do Uol. Clique aqui para ler direto na fonte.

4 comentários:

Anônimo disse...

Correção à nota da Folha: As jogadoras não foram homenageadas "pelo município".

A homenagem foi iniciativa do G4, grupo de gestores do Araguari Atlético Clube (Miro Gonzaga, Carivan Cordeiro, Flávio Rosa e Danilo Scagliarini) em solenidade realizada no Teatro Odette Alamy, no dia 16 de abril de 2011, durante o anúncio do retorno do Galo ao futebol profissional. Também foram homenageados dezenas de ex-jogadores do Araguari.

Reportei, no meu blog, o evento:
http://saudenatela.blogspot.com/2011/04/memoria-e-respeito-aos-artistas-da-bola.html

Edilvo Mota

garliene arts disse...

Eita orgulho de ser Araguarina , Mineira e Brasileira. Parabénsss a todas , que diga de passagem uma delas Mirtes Paranhos minha segunda mãe.Adoro ouvi_la quando conta o acontecido da época, Na torcida do Prémio. Parabéssss Renato Peters , Teresa Cristina Montes Cunha, e atodos que indiretamente participou desta reportagem.

Alessandre Campos disse...

Edilvo, Câmara Municipal concedeu Moção de Aplauso as atletas em 29 de março de 2010.

Veja em http://www.youtube.com/watch?v=a3ISlc3JQnw

Anônimo disse...

Opa... é verdade, Alessandre.

É tanta lambança que acaba ofuscando o que é feito de meritório.

Edilvo

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