Governo da vaidade, do egoísmo, do supérfluo, das atitudes reprováveis. Governo do provincianismo, da incompetência; cujas prioridades são deturpadas, invertidas, inadequadas.
Com freqüência, aqui, em Mediocrenópolis, há festas caríssimas arcadas com erário público. Mas, lastimavelmente, não há macas no desumano pronto-socorro, não há bons médicos (os inabilidosos que têm não são suficientes; levando em consideração a imensa demanda). Faltam ambulâncias. Não há leitos em quantidade satisfatória, nem remédios necessários, nem infraestrutura adequada. O ambiente no qual os pacientes são submetidos a atendimentos é fétido, incômodo, morbidamente sufocante.
Por causa do governo da vaidade, da precariedade, da inabilidade, aqui, em Mediocrenópolis, a saúde pública é um verdadeiro caos. Não se atreva a adoecer! Não se acidente... Não. O pífio e precário aparato médico mediocrenopolense é incapaz de promover tratamento decente, digno. Se você realmente necessitar ser atendido por eles é bem provável que venha a óbito; tamanha a inaptidão e a falta de recursos medicinais. É... Triste realidade.
Governo da extrema vaidade. Seus espetáculos são belíssimos, primorosos, ostentativos; sua arrogância é desprezível; sua inversão de valores e prioridades enoja, causa vultosa repulsa nos homens e mulheres detentores de senso-crítico; os quais, infelizmente, são minoria da população.
Aqui, na desastrosa Mediocrenópolis, pobrezinhas crianças de creche são submetidas a maus tratos por funcionárias cruéis e sádicas; mas não só isso, elas se alimentam mal na hora da merenda porque inescrupulosas merendeiras roubam “comida pública”, isto é, alimentos adquiridos com dinheiro governamental. Vergonhosamente elas desviam recursos destinados à uma alimentação salutar para os mal-nutridos pequeninos.
Ninguém investiga estas improbidades...
Na Cidade Medíocre é assim; a corrupção reina; os escândalos predominam.
No órgão público mediocrenopolense responsável por encaminhar cidadãos ao mercado de trabalho ocorre fato absolutamente absurdo, repulsivo, lamentável: a lista com os empregos considerados “bons”, “bem-remunerados”, não é disponibilizada de maneira pública e democrática. Ela é, digamos, “sigilosa”; fica na mesa da desonesta diretora da repartição, que realiza escuso encaminhamento profissional dos apadrinhados por este corrupto e antidemocrático Governo Medíocre.
Os homens e mulheres “médios”, comuns, vislumbram – num papel desleixadamente afixado no mural – apenas a sobra; o resto, as migalhas das vagas remanescentes de emprego.
Governo da vaidade, da prepotência de seus ineptos agentes.
Governo dos patéticos políticos, secretários, servidores e cargos comissionados de nariz empinado; todos distanciados dos anseios do povo.
Governo da danifica vaidade, do nefasto clientelismo, dos trágicos “currais eleitorais”, da horrenda manipulação das massas acríticas, do “pão e circo”, da inacabável construção do ginásio de esportes, das licitações fraudulentas, dos descarados desvios de verbas públicas, do preponderante retrocesso.
Mediocrenópolis, nós, detentores de visão crítica, te repudiamos contundentemente.
Nós, “pessoas inconformadas”, “idealistas”, a transformaremos significativamente por meio de palavras, atos e ideias.
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* Rafael Kesler. Araguarino, 24 anos, bacharelando em Direito, licenciando em Letras, premiado por duas vezes consecutivas no renomado Concurso Nacional de Contos Abdala Mameri. Autor do blog: www.rafaelkesler1234.blogspot.com
Texto publicado no jornal Diário de Araguari no dia 06 de fevereiro de 2014.
(coluna publicada às terças, quintas e domingos)
Contato: rafaelkesler1234@hotmail.com
7 comentários:
Muito bom!
Parabens Rafael!
e o tarja preta ja esqueceram. ninguem lembra mais. que vergonha.
a cidade pode ser MEDÍOCRE mas os caras do governo é tudo CLASSE A
Mediocrepolense, adorei sua confissão.kkkk
O que pode esperar de uma pessoa que estava antes passando até fome, comendo pão com mortadela,devendo Araguari inteira, foi embora daqui falando que não voltava mais. Pobre quando
vê muito dinheiro à disposição fica desorientado.
Gostaria de saber se pessoas que vivem juntas, sem serem casadas no papel, pode ocupar um cargo na prefeitura. Tipo assim, o marido tem uma função e a esposa é colocada para também pegar uma fatia do bolo.
Desista, não tem mais jeito, é a treva. Eu acho que vamos ter que buscar um cirurgião de fora e dos excelentes.
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