Gladston Mamede*
Sim, eu concordo com todos os que estão afirmando que não se deve fazer justiça com as próprias mãos e que isto é um absurdo e que os justiceiros se tornam, com seus atos, criminosos, ou seja, que se igualam àqueles que estão justiçando. Perfeito.
Mas a questão merece outra análise, bem estarrecedora. Mesmo Hobbes, quando defende o Governo como a cabeça do Leviatã, deixa claro que “a cabeça” da estrutura político-estatal precisa funcionar a bem da sociedade, impedindo a luta de todos contra todos. Antes dele, Machiavel, nos “Comentários sobre a Primeira Década de Tito Lívio” também se ocupa da necessidade de o Estado funcionar, de dar acolhida e procedimento às pretensões individuais, sob pena de ver rompida a estrutura social.
Entre nós, o Estado já não tem credibilidade, até porque seus ocupantes estão, em grande número, envolvidos em falcatruas criminosas. Há bandidos em todos os níveis da República, infelizmente, boa parte deles protegidos por uma estrutura que simplesmente não funciona. Nas ruas, somos vítimas de toda sorte de abuso e o medo grassa. As famílias acumulam histórias de dor e injustiça.
Como esperar que o povo fique quieto? A reação não é jurídica, nem tem a função de ser. Ela é a continuidade de uma guerra civil dissimulada que vivemos em nossa sociedade. As pessoas não acreditam mais no Estado, nem nos homens públicos e, por isso, voltamos à guerra de todos contra todos. Há mais e mais gente cansada de ser vítima, de ser alvo, de ser carne de abate, sem que nada seja feito. E, neste contexto de desordem, é óbvio que a barbárie irá campear.
O pior é que esta desordem tem por principal motor a subtração de valores públicos pelos ocupantes da classe política, levando a um quadro de déficit na educação, saúde etc. E o mais cruel é que, como em toda guerra, matam-se e morrem os soldados (os peões do jogo de xadrez), enquanto os verdadeiros responsáveis por isso somente pagarão alguma conta se o inferno existir.
É triste quando a única esperança da gente é o inferno.
*Bacharel e Doutor em Direito. Autor da coleção “Direito Empresarial Brasileiro” e do “Manual de Direito Empresarial”
2 comentários:
UBERLÂNDIA-MG, 22 de fevereiro de 2014.
Prezado Antônio Marcos,
(...)
Como esperar que o povo fique quieto? A reação não é jurídica, nem tem a função de ser.
(...)
Ah... que ótimo !!!
Era só o que faltava. Que brinde.
Um associado ( não cabe referir como "integrante" ou "filiado") da ORDEM que se vangloria em efetivamente ter auxiliado a livrar-nos de uma tal DITADURA MILITAR, não apenas um simples bacharel que se apropria (in)formalmente da nobre & pomposa designação de DOUTOR, pois, como
devidamente direcionados os créditos do Tópico, o autor é BACHAREL e DOUTOR, em/por direito e - de fato, à revelia do Estado de Direito LAVA AS MÃOS, nos entrega ao DEUS DARÁ e à própria sorte (na verdade, um tremendo azar) ?!
Legitima ato inconteste ( ?! ) daquele ícone ( ?! ) que livra das garras da Justiça - contrapartida de honorários totalizando suadas e sofridas cifras de apenas alguns milhões em moeda corrente, toda uma Cachoeira - melhor dizendo, enxurrada - de pilantras intocáveis e impunes, mediante justificativa social "... Defendo os clientes da culpa legal. Julgamentos morais eu deixo para a majestosa vingança de Deus..." ?!
(...)
É triste quando a única esperança da gente é o inferno.
(...)
Ah... que ótimo !!! Inferno é o KCT !!!
Mas, não pretendo - coercitivamente - filiar-me à nenhum TIME, PARTIDO ou ORDEM de CAVALHEIROS e/ou CANALHAS (depende do pri$ma), para garantir e/ou exercer a minha cidadania, ou para ao menos tentar sobreviver produtivamente ao longo de minha paupérrima expectativa de vida, uns 65/70 anos, com dignidade.
Inferno ?!
Eu hein !!!
Lesa a Renda, que neste abrasivo local, empilham-se Políticos e Operadores da Justiça. Diz-se que - Aplicadores da Justiça, também amontoam-se ali.
Vitaliciedade, ainda em continuidade infinita e abissal, assim não. Negativo. Nem pensar.
(...)
E, neste contexto de desordem, é óbvio que a barbárie irá campear.
(...)
Sei. Desordem deliberada e lucrativa das ORDENS.
Mascarado?! EU?!
Sou meio Russo sim, todos sabem. Mas "coquetel molotov", para mim, é Stolichnaya gelada com limão. Compartilho e ofereço, mas não jogo em ninguém não. E nem dirijo. O fogo que acende é todo meu.
Roleta russa?! Para mim, sem medo acendrado e atávico algum, é apertar o dedo naquele botão da Urna, o verde, e ouvir o sonoro ... piri piri piririri riri... e democraticamente - amargar o risco em aguentar mais quatro anos de puro piriri.
Culpa da maioria.
Ou da captação ilícita de sufrágio, que em algumas Comarcas, nunca existiu, e jamais existirá, correto ?! Nem a tal da compra e/ou venda de votos. Afinal, a reação não é jurídica, nem tem a função de ser... disse o DOUTOR.
Revogam-se as (in)disposições em contrário.
Atenciosamente,
O Antônimo. Cidadão precavido... Eleitor discreto. ( uh !!! )
Dois pontos de vista qualificados e diametralmente opostos: raridade numa republiqueta de merda, dominada por bandidos engravatados e diplomados (vários deles oriundos de grupos criminosos informais) mediante sufrágios pra lá de suspeitos.
Enquanto isso, o grosso (paradoxo) da mais fina sociedade cochilando em forro esplêndido, devidamente atado às tetas públicas ou à própria acomodação.
Concordemos ou não com o justiçamento, o fato é inegável: parte da população já encheu o saco de discurso xoxo de político e intelectuais. Infelizmente, pela histórica omissão do Estado,aliada aos péssimos exemplos da corrupção epidêmica, parece que a coisa desandou e o pau começou a comer.
Postar um comentário