Nas aulas de Biologia, aprende-se que os urubus alimentam-se dos restos mortais dos outros animais. Contrariando a ciência, em Araguari, os urubus, malgrado continuem consumindo carniça, conseguem fabricar o seu próprio alimento. Explicando melhor, os políticos da nossa terrinha vivem às custas das mazelas que eles mesmos criam e alimentam. Dois exemplos desse comportamento estranho dos nossos urubus são emblemáticos.
Primeiro, durante 4 anos, nossos políticos vivem apregoando a necessidade de um consenso na escolha dos candidatos locais a Deputado Federal e Estadual, para que a cidade, uma vez mais, não fique sem representantes na Câmara Federal e na Assembléia. Paradoxalmente, esses mesmos políticos, nesse interregno, cometem os mesmos erros de sempre e deixam a cidade sem representantes no Legislativo. Aqui, entra o pulo do gato, ou melhor, do urubu: a ausência desses representantes no Parlamento permite que os nossos políticos - prefeito, vice ou vereadores - aproveitem para realizar incontáveis viagens a Belo Horizonte e a Brasília, com a suposta intenção de, fazendo as vezes de deputado, defender os interesses da cidade. Como essas viagens rendem, além dos apertos de mão e canapés, algumas diárias (cujo valor nem sabemos) e dividendos políticos, eles não têm o mínimo interesse em mudar esse quadro.
Segundo, nossos sagazes urubus descobriram que não compensa tentar trazer um campus da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) para Araguari. Essa descoberta não é tão nova assim, afinal ao longo das últimas décadas, nada foi negociado com a UFU nesse sentido. Pois bem, o comportamento urubulino é totalmente diverso quando se cuida de ofertar benesses às universidades particulares, como é o caso da doação de imóvel público à Unitri. Comprova a veracidade dessa afirmação, o fato de esse fomento ter permitido que, em Araguari - cidade que não possui sequer uma sala de cinema - fossem instaladas, obviamente com intenção de lucro, duas faculdades de Direito. Onde está a sagacidade dos urubus, neste caso? Encontra-se justamente na janela de oportunidades que a ausência de uma universidade pública traz. Com efeito, numa só tacada, é possível criar bolsas universitárias para as faculdades particulares daqui e auxílios-transporte para os alunos que estudam em Uberlândia ou Catalão. Obviamente, não convém comentar sobre os critérios utilizados nessa distribuição de benesses com recursos públicos. O pior é que a criatividade malévola dos urubus araguarinos vai além: não era muito difícil conseguir bolsas de estudo com determinado político ligado ao grupo da Unitri. Aliás, num vôo de águia, esse mesmo político chegou a oferecer a um funcionário público federal o ingresso sem vestibular naquela instituição particular de ensino caso ele fosse, digamos, menos exigente na análise de processo de interesse de um apadrinhado político seu.
Como se vê, embora incapaz de fabricar o próprio alimento, o urubu comum é muito menos nocivo à sociedade que o araguarino. É que, ao comer restos de animais em decomposição, ele acaba evitando uma série de epidemias. Ao contrário, a ave araguarina, conforme demonstrado, faz muito mal à Democracia e à cidade, na medida em que permite a produção e proliferação de carniças que já deveriam ter sido banidas do Brasil, a exemplo dos currais eleitorais, do voto de cabresto, do uso dos recursos públicos para atender a interesses estritamente pessoais...
2 comentários:
Marcos, como flamenguista eu repudio tal consideração em se colocando o urubu nesta cadeia degenerativa de valores. Neste caso, levando-se a biologia como álibi da discussão em voga, o conveniente seria colocarmos a bactéria representando os nossos políticos araguarinos, afinal, ela sim é um ser autótrofo, ao contrario da rapina negra que se alimenta de coisas em decomposição como vascaínos, botafoguenses...
Ainda bem que o senhor usou as reticências após a expressão botafoguenses...risos
Eu juro que pensei em comparar os nossos políticos com animais piores que o urubu. Aliás, confesso, fiquei com pena do urubu pela infeliz comparação. Essa ave não merece tamanho achincalhe.
Postar um comentário