Abre aspas para a coluna "Em Resumo", Gazeta do Triângulo, 16/05:
"ELEIÇÃO 3
De fato, tudo é conversa, nada consumado. Marcos Coelho goza de altos índices de aprovação quando o quesito é honestidade. Em recente pesquisa do DataTempo, esse índice chega a 99%, fato raro na política. Raul segue à frente na pesquisa de intenção de votos com pequena vantagem, seguido por Mãe Preta, Marcos Coelho e Marcos Alvim. Os dois ex-prefeitos mantêm forte base, conquistada durante seus mandatos no Executivo. Paroneto surge como uma nova figura na política local, não tendo sido testado nas urnas ainda." (sem grifos no original)
É interessante como se comportam certos integrantes da imprensa em Araguari. Interpretam os dados ao sabor de suas próprias conveniências. Vejam.
A ladainha comum nas edições do Correio de Araguari contamina corações e mentes. Até um colunista do Gazeta resolveu destacar, na pesquisa, o alto índice de honestidade do prefeito Marcos Coelho. O único percentual citado foi esse (99%). Referências às altas taxas de reprovação do governo (60,8% ) e de rejeição ao nome do atual prefeito (34,2%) foram solenemente omitidas.
O colunista, a exemplo do parcial Correio de Araguari, não informou que, entre os 60,8% que reprovam o governo, apenas 1% o fazem (reprovam) por ser o governo desonesto. Fica claro, então, que, para as pessoas que reprovam a gestão Marcos Coelho, outros fatores são mais relevantes ou mais facilmente percebidos, como, por exemplo, as deficiências na saúde pública, referidas por 38,8% deles. Vale dizer: as pessoas preocupam-se mais com os fatores que, visivelmente, as afetam no dia-a-dia. Resumindo, 1% dos 60,8% consideram a desonestidade o PRINCIPAL FATOR para desaprovar o governo. É bem diferente de afirmar que 99% dos entrevistados consideram o governo honesto.
O colunista, a exemplo do parcial Correio de Araguari, não informou que, entre os 60,8% que reprovam o governo, apenas 1% o fazem (reprovam) por ser o governo desonesto. Fica claro, então, que, para as pessoas que reprovam a gestão Marcos Coelho, outros fatores são mais relevantes ou mais facilmente percebidos, como, por exemplo, as deficiências na saúde pública, referidas por 38,8% deles. Vale dizer: as pessoas preocupam-se mais com os fatores que, visivelmente, as afetam no dia-a-dia. Resumindo, 1% dos 60,8% consideram a desonestidade o PRINCIPAL FATOR para desaprovar o governo. É bem diferente de afirmar que 99% dos entrevistados consideram o governo honesto.
Esse tipo de jornalismo comete, além dessa falha, dois outros pecados. Primeiro, honestidade não é virtude do governante. Não é um favor. É uma obrigação de qualquer agente público. Aliás, a honestidade exigida dos nossos representantes é (ou deveria ser) muito mais rigorosa do que a cobrada do cidadão comum. Afinal, eles cuidam da "coisa pública".
Segundo, a percepção da honestidade dos agentes públicos, que não foi o objeto principal da pesquisa, pode variar conforme o grau de informação da sociedade. Nesse ponto, parece haver uma falta de sintonia entre o que é real e o que é percebido pela maioria da população araguarina. Afinal, não parece razoável tentar convencer a população do alto grau de honestidade de um governo em que estão sendo constatadas diversas irregularidades. A não ser que o prefeito seja como o ex-presidente Lula, que não sabia de nada.
Aqui, entra novamente o papel da imprensa, da boa imprensa. Será que em Araguari a missão de informar corretamente a população está sendo efetivamente cumprida? Não está na hora de trazer a ética para o centro dos debates? Afinal, por trás dos outros problemas visíveis que afetam a população, pode estar a desonestidade dos governantes. Por essas e outras, creio ser necessária, também, a realização de uma pesquisa sobre os índices de confiabilidade da própria imprensa araguarina.
Aqui, entra novamente o papel da imprensa, da boa imprensa. Será que em Araguari a missão de informar corretamente a população está sendo efetivamente cumprida? Não está na hora de trazer a ética para o centro dos debates? Afinal, por trás dos outros problemas visíveis que afetam a população, pode estar a desonestidade dos governantes. Por essas e outras, creio ser necessária, também, a realização de uma pesquisa sobre os índices de confiabilidade da própria imprensa araguarina.