As Vigilâncias Sanitária Municipal e Estadual estão recolhendo produtos de origem animal do comércio em Araguari. A determinação é do Ministério Público Estadual. Os comerciantes não estariam cumprindo normas de manipulação e venda dos produtos.
Uma pequena fábrica de espetinhos está parada. Toda a carne e mais 40 quilos de queijo provolone que Lúcio Flavio da Cunha comprou foram apreendidos. Prejuízo de R$5 mil. “Os produtos que tinham eram novinhos, tinham acabado de ser feitos. Aí chegaram e pegaram parecendo que era lixo. Falaram que iam jogar tudo fora, que eu não podia vender este produto”, conta o micro empresário.
Lúcio Flavio mostrou o número do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) fornecido, segundo ele, há cinco anos. “O que me pediram eu fiz. Agora se mudaram alguma coisa, deveriam ter falado”, acrescentou.
Desde terça-feira (05), açougues, supermercados e mercearias de Araguari são alvo de uma fiscalização sanitária. Foram recolhidos cerca de dez mil ovos, mais de sete toneladas de carne e mais de três mil de queijo.
A fiscalização foi feita a pedido do Ministério Público com o apoio das Vigilâncias Estadual e Municipal. Já foram três dias de trabalhos e eles apreenderam somente na manhã desta quinta-feira queijos, leite, linguiça, manteiga. Tudo sem inspeção.
“O Ministério Público fez a notificação, mas o município não forneceu subsídio para o lojista, para o ambulante e para o supermercadista adequar a norma. Então, faltou orientação”, reclama o comerciante Diego Marcel. Diego é dono de um supermercado que parou de vender produtos manipulados no açougue. A sala de desossa da carne foi climatizada. Ainda falta um espaço separado para fazer quibes e almôndegas. O que tinha para vender foi apreendido. “Nós vamos suspender a fabricação e manipulação para adequar à norma do Ministério Público e Vigilância Sanitária”, completou.
O secretário de Saúde interino de Araguari, Rodrigo Póvoa Naves, explicou que todo material recolhido foi encaminhado para dois lugares. Carnes para uma fábrica de rações e queijo, ovos e outros alimentos para o aterro sanitário. “Os produtos não têm laudo. Não tenho como afirmar que os produtos estavam ou não em boa qualidade. A única coisa que sabemos é que não estavam de acordo com as normas. E se não estão de acordo com as normas, os selos referidos, eles foram apreendidos”, explicou.
A reclamação dos comerciantes é quanto à ausência do SIM, o que, segundo eles, facilitaria a fiscalização e liberação para a venda. O procurador geral do município, Leonardo Henrique de Oliveira, diz que o órgão está em processo de criação. “Resta ainda, que a Secretaria de Agricultura municipal nos entregue na Procuradoria os últimos elementos para a criação deste órgão de fiscalização”, disse Leonardo Henrique.
O presidente da Associação de Compras do Triângulo, Silvio Presley dos Reis, reconhece a necessidade de cumprir a lei, cobra a implantação do SIM e reclama da falta de critério dos funcionários da Vigilância. “O que está havendo é muita divergência entre a fiscalização estadual e a municipal. Há um procedimento em um estabelecimento e há um procedimento em outro estabelecimento. O que a gente precisa saber é realmente quais são as adequações”, explicou.
Ainda segundo Sílvio Presley dos Reis, há alguns anos a Prefeitura forneceu o selo de inspeção municipal. A reportagem da TV Integração percorreu os locais para onde a Prefeitura disse que teria levado os produtos apreendidos. Na fábrica de ração a reportagem foi informada que a carne já teria sido moída. No aterro sanitário, funcionários disseram que o material já havia sido enterrado. Mas na portaria do local não havia registro da entrada de caminhões com os produtos recolhidos.
Transcrito do site
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