sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Por que estão derrubando nossas árvores?

Praça Milton Fernandes de Melo (Praça do Aeroporto)

Denúncia de corte indiscriminado de árvores pela Prefeitura, encaminhada por uma cidadã ao senhor Promotor de Justiça do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural, Dr. Sebastião Naves de Resende Filho:

Sabemos que o percentual de pessoas que se dizem preocupadas com o meio ambiente aumentou consideravelmente nos últimos tempos. Autoridades respeitáveis do mundo inteiro fazem campanha de conscientização em prol do meio ambiente, alertando os indivíduos, numa tentativa de sensibilizá-los sobre a importância de cuidar da natureza, para que as futuras gerações possam gozar de seus recursos. Lamentavelmente os representantes legais do Município de Araguari parecem não se dar conta do incalculável e irreversível estrago que estão fazendo nas ruas, avenidas e praças, tornando menos verde a própria cidade que os acolhe.  É que essa questão ambiental, de vital importância para o planeta, parece que ainda não conseguiu tocar e sensibilizar alguns órgãos gestores desse Município. Vemos frequentemente derrubadas inconsequentes de árvores centenárias em vários pontos distintos da cidade, que chamam de “revitalização, restauração, modernização”. Será que os profissionais não sabem que se pode modernizar, transformando e unindo o antigo com o novo? Podem adaptar de acordo com o que já existe, e não destruir bens preciosos que Deus nos oferece gratuitamente, por mera vaidade ou sabe-se lá por que. Eles deveriam zelar pelas riquezas naturais da cidade e, ao contrário, mostram-se inconsequentes, destruindo o que a natureza demorou dezenas e dezenas de anos para formar, evidenciando que a consciência de preservação do meio ambiente, ainda está muito longe de ser realizada em prol do interesse coletivo. Mentalidade tacanha das autoridades que nos representam. A conta chegará, cedo ou tarde, e bem elevada. A natureza retribui, de modo implacável, em revide aos golpes aplicados pelo homem, na exata proporção de nossas atitudes e falta de respeito com aquilo que não criamos. Infelizmente a consequência irá inevitavelmente atingir a todos, culpados ou inocentes. 


Sabemos que uma das maiores belezas naturais das cidadezinhas de interior está na conservação de sua área verde. É o patrimônio natural englobando a biodiversidade, com sua fauna e flora, tanto no meio físico natural quanto na beleza cênica e paisagística proporcionada por esse conjunto. Praças arborizadas e bem cuidadas, que constituem um espaço para o lazer contemplativo e para o contato com a natureza, cada vez mais raro no meio urbano. Como ensinar as crianças a plantar árvores se os adultos as derrubam? Como ensinar a nova geração a cuidar do planeta se os dirigentes da cidade em que moram maltratam a natureza? Temos que formar uma sociedade consciente da importância de preservação do patrimônio natural. O que os órgãos gestores desses espaços estão fazendo por Araguari?
É inadmissível o que está ocorrendo, uma verdadeira devastação nas preciosidades naturais da terra. Homens que usam e abusam da autoridade que o povo concedeu a eles. Parecem se esquecer de que, muitas das árvores derrubadas, possuem valor histórico e sentimental para os seus moradores, árvores que compunham o cenário do local onde foram retiradas. 
Duas árvores foram abatidas da Praça do Aeroporto no último sábado (21/07/2012) pela equipe da Construtora Naves.  Eram árvores antigas, saudáveis e belas. Será que havia licença necessária para tal ato? 
A alegação da Secretaria do Meio Ambiente é a de que as árvores estão quebrando as calçadas e precisam ser cortadas. É a desculpa pelo descuido da cidade, pois as raízes das plantas, pelo que pude observar, estavam elevadas sim, na grama da praça. 
Até a moradia das aves, por consequência, está sendo prejudicada, mas eles infelizmente “não podem fazer nada”, mas nós podemos.  Será que realmente a solução está na retirada do que julgam ser problema? Não dá para aliar a “modernização” das praças com a preservação do meio ambiente? Será que as árvores sacrificadas estavam no lugar errado? Ou as atitudes dos homens é que estão erradas?
Dizer que outras mudas serão plantadas para substituir as que foram retiradas, a meu sentir, é o mesmo que dizer: “estou tirando a vida desses dois filhos problemáticos, mas não se preocupem, vou conceber outros para ocupar o lugar deles”. Além disso, mudas novas levarão, no mínimo, o mesmo tempo para atingir a mesma estatura, considerando a espécie. E pra que? Para mais adiante repetir o mesmo ato de devastação?
A população sente-se impotente para impedir tantas atrocidades. Ouve-se dizer que, em um dos pontos da cidade, os moradores conseguiram impedir a derrubada de uma árvore centenária. Isso na Praça São Vicente. Verdade ou mentira o fato é que a árvore ainda está lá, portanto, ainda dá tempo de impedir futuras sandices. 
Homens uniformizados, da Construtora Naves, com uma motosserra em punho, sacrificavam árvores da Praça do Aeroporto no último sábado, alegando que estavam apenas “cumprindo ordens” e ainda na segunda-feira, dia 23 de julho, o caminhão fazia a retirada dos tocos de madeira que restaram da cruel ação praticada por eles e que não se sabe qual o destino. Na semana anterior o mesmo ocorreu na Avenida Santos Dumont. Foi um ato de covardia, eram árvores centenárias. Arrancar árvores já adaptadas por décadas às outras companheiras, que fazem parte da formação vegetal de uma cidade e do patrimônio público, é inadmissível. Entendo que se trata de um crime ambiental. Precisamos lutar pelo direito de sobrevivência das árvores e, consequentemente, das aves e seres humanos, antes que seja tarde demais. Precisamos dar exemplo de cidadania procurando preservar as espécies centenárias e deixá-las de herança para as futuras gerações.
Em 2011, na Praça Manoel Bonito, com o argumento de “revitalização e restauração” do local, foram arrancadas dezenas de árvores (em sua maioria sibipirunas), muitas delas plantadas na década de 60. Sei que o MPE de Araguari foi acionado na ocasião, onde instaurou inquérito para apurar responsabilidades, mas ainda que a consequência tenha sido o replantio de árvores, multa e outras medidas compensatórias, nunca há de abrandar a monstruosidade gigantesca que cometeram. A praça “restaurada” foi entregue à população, com apresentação de banda e toda a pompa, porém com menos área verde.
Na Praça Getúlio Vargas, com a frágil desculpa de “revitalização” da praça, várias árvores frutíferas (mangueiras) foram retiradas do local.  A praça foi inaugurada recentemente, menos ajardinamento, menos área verde.  
E o rumoroso episódio do caso do corte dos eucaliptos na Granja Mauá pertencente à municipalidade? Ninguém mais fala sobre o assunto, mas o que foi mesmo que aconteceu com os responsáveis pelo estrago? Foram punidos? 
Cito esses fatos que vem à minha memória, mas imagino que outros estragos ambientais ocorreram e ocorrem, já que quem pratica parece sentir-se livre para fazê-lo. 
Até quando teremos que suportar ver a nossa querida Araguari ser alvo de chacina ambiental por parte de pessoas tão inescrupulosas? A herança para as futuras gerações será os tocos das árvores nas praças? É triste demais ver que o verde da cidade aos poucos se esgota!
Fotografei, em vários pontos distintos da cidade, o que ora relato, ou seja, a poda de várias árvores que compunham o nosso patrimônio: Avenida Santos Dumont, Avenida Minas Gerais, Avenida Mato Grosso, Praça do Rosário, Praça Juvenal Alves de Melo, Praça Farid Nader. Como pode ser constatado, pelas fotos que seguem, parece que se tornou um ato comum demolir árvores na cidade.
Segue também cópia de um texto de autoria de Gláucio Henrique Chaves (Perguntar não ofende), bem como cópia de algumas fotos tiradas por ele na Praça Manoel Bonito.
Tenho ciência que o Ministério Público do Estado, quando acionado, procura adotar medidas para investigar a questão ambiental. Peço, contudo, que esses novos fatos sejam apurados antes que outras árvores sejam sacrificadas na Praça do Aeroporto já que faz parte do projeto da Prefeitura, segundo informações dos trabalhadores da Construtora Naves, a destruição de outras árvores naquele local.


Araguari-MG, 26 de Julho de 2012.
Débora de Castro Ferreira

Um comentário:

CLAUDINEI ROBERTO PAOLELLI disse...

SE CONTINUAR DESTRUINDO AS ARVORES,A PROXIMA GERAÇÃO SO IRÁ CONHECER ARVORES POR MEIO DE FOTOS.

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