quinta-feira, 15 de setembro de 2011

História em ruínas

Via Facebook, Gláucio Henrique Chaves noticia a demolição do imóvel que era a residência do Dr. Calil Porto, cardiologista, defensor e pesquisador da história regional. Ainda, foi o descobridor da Febre Amarela Silvestre.
Como forma de homenageá-lo, o Arquivo Público do município, que funciona junto à FAEC, recebeu o nome de Arquivo Histórico e Museu Dr. Calil Porto. Segundo Gláucio, a instituição "guarda importantes acervos regionais, como raríssimas bibliotecas, discoteca, imensa coleção de negativos e fotografias, hemeroteca etc. Ele foi fundamental no desenvolvimento de incontáveis trabalhos, livros e teses. Visitantes e pesquisadores de vários estados encontram apoio em seus documentos, como assegura o seu livro de visitas.".
Ainda de acordo com Gláucio, comenta-se que a casa situada na Av. Tiradentes nº 218 "foi adquirida pelo mesmo empresário que anda comprando 'casas velhas' para derrubar, como fez com o Relicário, o colégio Santa Terezinha e muitos outros.".
Este fato, ao que tudo indica, é mais um a comprovar o descaso do governo atual com o patrimônio histórico e cultural da cidade. Aliás, sucessivos governos têm sido omissos (pra não dizer criminosos) na guarda e conservação de valiosos legados deixados por nossos antepassados. Nota-se a falta de uma política pública tendente à defesa desse importante patrimônio. A continuar assim, o que deixaremos para nossos filhos? Quais as perspectivas de um povo que não zela pela sua história?
A propósito dessa omissão, vale lembrar que o Ministério Público do Estado de Minas Gerais está processando o ex-prefeito Marcos Alvim e o empresário Luiz de Freitas Peixoto (o mesmo que, segundo Gláucio, está demolindo mais esse imóvel de valor histórico), com a finalidade de reparar os danos causados ao patrimônio histórico, estético e cultural do município pela destruição do prédio do antigo Relicário.
Infelizmente, esse tipo de medida ainda é muito branda e ineficaz. Na melhor das hipóteses, serão condenados a pagar uma pequena indenização. O imponente Relicário nunca mais estará de pé. Em sede de preservação do patrimônio histórico, é necessária a adoção de medidas preventivas de urgência. Só elas podem evitar esse tipo de dano irreparável.
Assim, é preciso que todos, inclusive o Ministério Público, sejam mais vigilantes. Se continuar dessa forma, em breve o nosso passado vai se resumir a algumas fotografias do inexistente. Elas retratarão o pouco caso com que tratamos o legado daqueles que, ao longo de 123 anos, deram vida e forma a Araguari.

10 comentários:

garliene arts disse...

A História procura especificamente ver as transformações pelas quais passaram as sociedades humanas. As transformações são a essência da História; quem olhar para trás, na História de sua própria vida, compreenderá isso facilmente. Nós mudamos constantemente; isso é válido para o indivíduo e também é válido para a sociedade. Nada permanece igual e é através do tempo que se percebe as mudanças, destruindo o imóvel que era do Dr. Calil Porto, ,está destruindo a história que esta latente no lugar. TRISTE ver isto =S

Lana Melo disse...

daqui 30 anos, ou menos, as pessoas vão ver a gente como aqueles ignorantes que não respeitavam, e dilapidaram, o nosso patrimônio... estarão perdidos, sem se identificar com a história escrita e fotografada! vergonhoso isso!

Ianis disse...

UBERLÂNDIA-MG, 15 de setembro de 2011.

Prezados Amigos & Amigas,

O meu receio é que daqui há alguns séculos, os arqueólogos escavem esta região aí... e não encontrem ABSOLUTAMENTE NADA !!!

Ou, apenas uma plaquinha, com os dizeres:

"Este sítio/gleba já pertence a ... ".

Ah! Deixa prá lá.

Atenciosamente,
Janis Peters Grants.

Anônimo disse...

mais como governo atual pode fazer alguma coisa uma vez que quem manda no gorveno e cunhada do luiz.

me ajuda nao presisa de falar que e.

vote 15 ano que vem de novo.

bjs.
monica lima

Aristeu disse...

Como se derrubando a arquitetura histórica desabássemos com ela os nossos fantasmas. A gratidão esfalece-se. A memória evapora-se. Os heróis se apagam. O novo modelo representa a velha ganância. "Nada de novo debaixo do sol". Como dizia o Agente 86: O velho truque...

Alessandre Campos disse...

Quando fui Presidente do Conselho Deliberativo (2008-2009) de Patrimônio Histórico e Cultural de Araguari, montei dois processos de Tombamento: Igreja de Fátima e da Antiga Sede da Sec. de Obras (Cel. José Ferreira Alves) onde existe o porão da tortura dos Irmãos Naves e sua mãe. Todos os tramites foram seguidos, porém, o Prefeito atual não assinou o Decreto, inclusive incentivado pelo ex-Presidente da FAEC desta gestão.
Tudo consta em atas que estão arquivadas na Divisão de Patrimônio Histórico/FAEC.

EFGoyaz disse...

Eu endosso as palavras do Alessandre Campos acima. Eu era Conselheiro na gestão dele. E me lembro que o próprio Leonardo Henrique, que era um dos conselheiros e que hoje é um dos Procuradores do Município, ficou indignado com a recusa do prefeito em assinar o tombamento. Mas logo ele foi chamado para fazer parte do governo e parece que mudou o modo de pensar.

Anônimo disse...

chama o Marcos Alvim

Anônimo disse...

Aqui funciona assim: Sou a favor de muitas coisas que podem melhorar, preservar, conservar......, mas quando sou convidado a fazer parte do Novo Modelo, eu esqueço minhas, idéias, principios e a minha cidade deixa ser prioridade.

Ianis disse...

UBERLÂNDIA-MG, 16 de setembro de 2011.

Prezados Cronistas,

Pensar livre pensar:
Será que tem mais trampo para gente lá?

#blogTrampolim

E phodam-se as ideologias transitórias.

O que importa, é o dindim!

Atenciosamente,
Janis Peters Grants.

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