Saiu no Correio de Araguari (http://www.correiodearaguari.com/correio/):
"Feiras livres custam cento e oitenta mil reais por ano
Arrecadação limita-se a cerca de seis mil reais
As feiras livres de Araguari custam aos cofres públicos cerca de cento e oitenta mil reais por ano, contra uma arrecadação possível de seis mil reais (cerca de R$60,00 ou menos para média de cem feirantes), que nunca é atingida, pois nem todos pagam seus encargos em dia, além de custar outros encargos, como a padronização de suas barracas promovida no final do ano passado (2008), que custou cento e dez mil reais à Prefeitura, restando ainda cinqüenta e seis mil para serem pagos, além ainda de transtornos no trânsito, incômodos a vizinhos, que são obrigados a suportar o barulho da montagem das feiras ainda na madrugada etc. Não se pretende desprestigiar as feiras livres, de milenar tradição mundo afora, palco de cultura, lazer, até turismo, mas é preciso repensar seu modelo atual, pois tem custo muito elevado.
São realizadas feiras em seis dias da semana, sendo uma pela manhã, outra à tarde e até à noite. A Prefeitura mantém três fiscais tributários, servindo um pela manhã, outro à tarde e à noite, com seus salários e encargos. Exige-se permanente equipe de limpeza, com homens, instrumentos e veículos. A Prefeitura já instalou padrões de energia elétrica para servir aos feirantes. Agora, reivindica-se a instalação de banheiros químicos, de difícil manuseio e custo elevado. Do Estado, exige-se constante presença de policial, a bem da segurança pública.
As feiras exigem permanente atenção da Vigilância Sanitária, pois são realizadas a céu aberto, vendendo-se comida pronta, além de expor todos os seus produtos ao ar livre, sujeitos à poluição, permitindo-se animais, como cães e gatos, soltos nas ruas, em meio às barracas etc.
As feiras já não são imprescindíveis ao abastecimento das populações, impondo-se a revisão dos pesados custos que recaem sobre o Poder Público, lembrando que outros setores do sistema de abastecimento das cidades não recebem nenhum subsídio ou ajuda ou suporte especial do Poder Público.".
Pitaco do blog:
Achei muito tendenciosa essa reportagem. Sinceramente, não entendi quais interesses ela defende. Somente o autor poderá decifrar esse mistério.
Concordo que nós, contribuintes, temos o direito de saber o quanto custa o fomento público desse ou daquele segmento econômico. Afinal, a relação custo/benefício deve ser aferida antes de o município implementar medidas da espécie. Até aí, nada demais.
Entretanto, o autor envereda por um caminho de extrema maldade, tentando satanizar a feira e os feirantes. Nesse intento malévolo, desconsiderou fatores importantes, como o social e o cultural. Não se pode negar, nesse ponto, que o autor deveria considerar que a feira é a única fonte de renda de vários feirantes, bem como que é um elemento cultural e turístico da cidade de Araguari. Além disso, ao contrário do que o texto apregoa, está longe de ser unânime esse pensamento de que a feira só traz malefícios para a cidade.
Também não ficou claro o que o jornal ou o jornalista entende(m) por repensar a feira. Pode-se até concordar com mudanças, desde que esse repensar traduza: i) a fiscalização efetiva das condições sanitárias pela Prefeitura, ii) a efetiva cobrança dos encargos, preços e taxas não recolhidos, iii) a cobrança de um valor justo pela cessão do espaço público aos feirantes, iv) realizar licitação para uso dos espaços públicos pelos feirantes.
Além disso, o jornal cometeu um erro primário: não ouviu o outro lado. Não consta ter sido facultada a manifestação de algum feirante. Aliás, para se ter um pouco mais de lisura e cuidado, o autor poderia ter ouvido, por exemplo, os consumidores. Obviamente, ao colher a opinião somente de moradores e comerciantes circunvizinhos da feira, o resultado da pesquisa poderia ser, como foi, não condizente com a realidade.
Por fim, observa-se que a reportagem não traz soluções. O que fazer então? Criar uma feira coberta permanente? Extinguir, simplesmente, a feira? Sinceramente, eu gostaria de entender quais interesses norteiam certos setores da imprensa de Araguari...
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4 comentários:
Não estranhe... todas as matérias publicadas neste jornaleco (Correio de Araguari)desde 02/01/09 são tendenciosas. A feira livre de Araguari é, além de um mercado a céu aberto, uma cultura praticada pelos araguarinos. Esse jornaleco não é recomendável para quem quer se informar sobre Araguari, pois suas matérias só tem um lado: o do governo municipal, basta analisar seu conteúdo e o conteúdo de quem o faz. Mude de canal...
Absurdo. Eu menino trabalhei na feira com meu tio Joaquim Queijeiro, sábado e domingo, no Mercado e no Quebra-Pedra. Quando o movimento era pequeno eu carregava cestas ou puxava carrinhos. Lembro-me que meu tio me pagava pastéis pela manhã e nunca adoeci com isto. Aprendi a pesar, a dar troco, a ser gentil, a trabalhar duro mesmo, ali foi uma escola de inquestionável valor. Minha primeira bicicleta foi adquirida com este suor. Quando desmontava a barraca eu ainda levava frutas e verduras, e queijo também, para toda semana que atendia toda a enorme família. Meu pai era lixeiro da Prefeitura e, na limpeza do local, ainda fazia a xepa gratuita.
Marcos, o interesse só pode ser mercantilista ou vingativo.
Marcos, sempre que vou a Araguari levando alguns amigos vários já me pediram para ir à feira. Parece ser uma atração turística para muita gente, sem falar da qualidade dos produtos e a possibilidade de pechinchar. Isso está incorporado à vida das pessoas, mesmo daquelas que se aborrecem com o fechamento das suas portas. É pena que os jornalistas da cidade não desenvolvam as reportagens de forma a descrever os vários aspectos gerados por essa festa de rua. Muitas pessoas pobres se beneficiam também da bondade dos feirantes que matam a fome de quem não tem dinheiro para comprar. A forma de atendimento dos feirantes é outra lição de educação para muitos comerciantes e atendentes de lojas. Outro dia eu falei que Araguari tinha uma tecnologia interessante para fechar ruas. Isso era para justificar minha sugestão para fechar as ruas do centro exclusivamente para o comércio, ao menos aos sábados, fato comum em várias cidades do mundo. Outro aspecto importante que tive oportunidade de viver quando eu era criança é a possibilidade de produtores rurais colherem frutas em seus sítios para vender na feira livremente, sem serem incomodados, vendendo o excesso de produção e obtendo dinheiro necessário para comprar o que não produzem. De resto, é fenômeno econômico quando permite a muitos produtores escoar sua produção, sem os custos dos atravessadores, estimulando a vida no campo, a riqueza agrícola e a diversidade cultural.
Natal
Marcos,
Imagine uma hipótese remotíssima de que as feiras livres sejam eliminadas. Em algumas cidades isso aconteceu. A prefeitura construiu galpão enorme, bem arejado, com grande estacionamento e transferiu todos os feirantes para a nova situação de conforto, sob proteção contra a chuva e sol. E os feirantes podem passar a serem os novos microempresários. Aqui em Brasília temos várias situações semelhantes no Cruzeiro, Gama, Vicente Pires, Ceasa, etc. A descrição da reportagem transcrita demonstra que não vai muito longe a força dos defensores das feiras livres quando uma oposição como essas começam a fazer coro. É o ponto do iceberg de um grande conflito social envolvendo muita gente, feirantes, moradores, governo (limpeza, segurança, inspeção de saúde, etc.). A área do ainda atual Mercado Municipal, ao lado do qual aos sábados tem a feira livre, já está na hora de ser vendido, ou remodelado com mais andares ou trocado por outra área com as mesmas finalidades. Existe para aquela área demanda para instalação de prédios. Apesar de gostar das feiras (que mesmo na Europa visitei várias), entendo que a cidade já está sob conflito há muito tempo com moradores e feirantes, mas em hipótese alguma eles podem ser prejudicados e nem em hipótese alguma essa opção de compra e venda de produtos agrícolas pode deixar de existir.
Natal
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