Rafael Kesler*
Com as sinceras e efusivas palavras de sempre, digo com veemência: é deprimente visitar sessões legislativas da desordenada Câmara Municipal de Mediocrenopolis.
Nós chegamos ao pequeno e antigo prédio, acomodamo-nos em precário e desconfortável assento.
O espaço é apertado, sufocante; não há lugar disponível nem mesmo para 1% dos mais de 80 mil cidadãos mediocrenopolenses.
O ambiente é defasado e decepcionante; recinto totalmente inapropriado para abrigar sede do PODER LEGISLATIVO.
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O horário de início da reunião legislativa é ilógico e o habitual atraso ou injustificada falta de alguns vereadores são fatos absolutamente insultuosos para com o público presente.
A maior parte da discussão de projetos de leis é implacavelmente entediante e os pejosos discursos de alguns edis no plenário demonstra o quanto seus déficits de vocação política são manifestos, evidentes.
Insensatos vereadores que deveriam elaborar leis de grande relevância e utilidade municipal, preguiçosa e desleixadamente apenas propõem inócuas mudanças de nomes de ruas ou tragicamente aprovam desnecessário aumento de imposto ou “debatem”, de maneira infrutífera, temas sem nenhuma importância político-social.
Freqüente e ridiculamente, edis utilizam a tribuna para manifestar esdrúxulos e eleitoreiros atos de clientelismo, politicagem, politiquices, etc (neste contexto, homenagear “apadrinhados” é fato bastante corriqueiro).
Há certo clima de algazarra na bizarra reunião.
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Alguns vereadores ociosos, improfícuos e inabilidosos não fazem nada (a cena é absurda); estes são – geralmente – desprezível bando de políticos corruptos e despreparados.
Legisladores mediocrenopolenses, obrigatoriamente, deveriam buscar o bem da coletividade, o aprimoramento da saúde, da educação e da infraestrutura local nas mais diversas áreas. Lamentavelmente, ao invés disso, o que solicitam são patéticas, diversas e dispensáveis “pausas de 10 minutos” para um cafezinho ou para gozar o ócio; desperdiçando precioso tempo que poderia ser usado em prol de impactantes propostas de benefícios para a sofrida e subdesenvolvida Mediocrenopolis.
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O site da Câmara Municipal mediocrenopolense é tragicômico, repleto de textos mal escritos; uma verdadeira “pérola”!
Há uma seção onde constam informações sobre cada edil. Com Português deplorável, lá você pode vislumbrar o quanto a maioria dos vereadores fazem pouco (ou nada) pela cidade Medíocre.
Entretanto, a pior mazela desta Casa Legislativa é o infame conchavo que a grande maioria dos vereadores fazem com o abjeto Prefeito. Dessa forma, ficam gravemente maculadas as estruturas e atribuições do órgão, que não fiscaliza o Poder Executivo de forma satisfatória.
Há, digamos, um “excesso de harmonia entre Legislativo e Executivo”. Este impiedosamente domina aquele. Em decorrência disso, quem sai perdendo é a pobre e desamparada população.
Comissões Legislativas de Inquérito (CLI’s) são empurradas rapidamente para o “arquivo” por causa da submissão de covardes vereadores perante o ignóbil Prefeito. Tudo que este solicita é atendido servilmente.
Mediocrenopolis é uma cidade sem infraestrutura e devastada pelo caos, pela corrupção e pela incompetência governamental.
A saúde é medíocre, a educação lamentável, as ruas esburacadas, as repartições públicas sucateadas, a devassidão administrativa é verdadeiramente abundante...
Aquele que assassina, que trucida brutalmente a cidade? O prefeito.
Os cúmplices do crime? Subservientes e ordinários vereadores mediocrenopolenses.
___________________*Araguarino, 24 anos, bacharelando em Direito, licenciando em Letras, premiado por duas vezes consecutivas no renomado Concurso Nacional de Contos Abdala Mameri. Autor do blog: www.rafaelkesler1234.blogspot.com
Texto publicado no dia 25 de fevereiro de 2014 no jornal Diário de Araguari.
(coluna publicada às terças, quintas e domingos)
Contato: rafaelkesler1234@hotmail.com
 


 
