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sexta-feira, 24 de maio de 2024

O Império dos laranjas: corrupção e subterfúgios em Medievália



Na pacata cidade de Medievália, onde o murmúrio dos rios e o canto dos pássaros se misturavam à melodia dos dias tranquilos, as línguas não descansavam. Ali, os boatos corriam tão livres quanto os cavalos nas campinas, e as histórias de corrupção floresciam como as lírios nos campos. Era dito entre as comadres que o uso de laranjas estava liberado. Mas não eram as frutas cítricas que encantavam os moradores, e sim as artimanhas dos poderosos.

Diz a lenda que o Coronel Laranja Lima, prefeito de Medievália, era um homem de sorriso cativante e promessas vazias. Por trás do ex-militar que se enriquecera ilicitamente servindo no setor de compras do Exército, se escondiam segredos sombrios. Durante a quietude da noite, enquanto a cidade repousava, o prefeito tecia tramas com inigualável astúcia. As más línguas, sempre ávidas por fofocas, sussurravam que ele usou o dinheiro desviado de contratos públicos da prefeitura para adquirir uma fazenda, registrada no nome do marido de uma prima. Sob a sombra do nome emprestado, as terras férteis e vastas prosperavam, enquanto a cidade permanecia alheia às artimanhas de seu líder.

E não parava por aí. Havia também o caso do empresário Jota, herdeiro de uma nobre família da Capitania de Minas do Ouro. Com olhos brilhantes e bolso profundo, ele parecia ser o verdadeiro governante de Medievália. As fofocas diziam que ele era o mestre por trás dos movimentos do coronel, um ventríloquo habilidoso. Com seu sorriso de raposa, teria até comprado uma fazenda em sociedade com o contador de suas empresas, fartamente irrigadas com dinheiro surrupiado, em conluio com o prefeito, dos cofres medievalenses. A parceria, selada na escuridão, crescia à medida que a lua iluminava os campos recém-adquiridos.

Medievália, com seu ritmo calmo e seus dias ensolarados, escondia nas sombras dos seus contos uma rede de corrupções e segredos. Entre as casas de madeira e as vielas de pedra, as histórias de laranjas e tramóias corriam de boca em boca, alimentando a imaginação e a desconfiança dos habitantes. E assim, em meio a sussurros e olhares de canto, as lendas da corrupção continuavam a prosperar, tornando-se parte do tecido vivo daquela cidade, onde nem tudo era o que parecia ser.


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