
O coronel de outrora prendia e
aniquilava os que ousassem contrariar os seus interesses.
O de hoje é sutil. Ganha você e,
o que mais interessa, o seu voto na lábia.
Na versão romana, os coronéis
comprovam consciências com a política do pão e circo.
Na atual, o pão, em forma de
programas sociais, ainda é muito usado. Como o diabo, o pão por ele amassado têm vários nomes Brasil
afora: “Renda Minha”, “Bolsa-Familia”, “Pão e leite”. O combate entre
gladiadores virou show sertanejo ou Carnaval. Na megaestrutura dos megaeventos atuais, os alienados
bovinamente se iludem. No open bar, esquecem-se até do parente que morreu na
fila do SUS ou pela falta de um hospital público na sua cidade. Querem é Mais! Cinderelas
de um conto não de fadas se rendem facilmente a uma cervejinha da Cristal. Enquanto
isso, o coronel, disfarçado de príncipe encantado, conta os dividendos financeiros e
políticos de um circo onde os únicos palhaços somos nós.
O coronel do passado ficava em
frente às urnas para conferir o voto do seu rebanho.
O de hoje é mais prático. Assegura votos oferecendo cargos de confiança. Compra a opinião de jornalistas de prateleira. É a famosa "caixinha" da imprensa. Arrebanha
apoiadores, uma versão moderna, por vezes remunerada com dinheiro público, do
gado de antigamente.
O coronel de outrora mandava
recados ou matava por meio de capangas.
O atual tem aqueles que fazem
esse serviço sujo nas suas emissoras de rádio ou TV. Mais recentemente, o
coronel cibernético criou a figura do puxa-saco e do bate-pau eletrônicos. Aquele
que passa o dia todo nas redes sociais, remunerado com dinheiro público ou com
alguma benesse inconfessável, com a finalidade de enaltecer a figura dos governantes e atacar os que ousam pensar.
O mais hilário. Ou desgraçado,
como queiram. É que essas pessoas que se deixam seduzir pelos coronéis modernos
são as mesmas que tanto criticam os políticos de Brasília. Elas se esquecem, contudo, de que,
dos 513 deputados federais, apenas 8 são de Brasília. O restante foram elas
mesmas que mandaram para o Congresso. Como Portugal mandou a escória para a sua
maior colônia, elas se acham no direito de enviar a podridão de outras cidades para "representá-las" em Brasília.
Coronéis
não são fruto de geração espontânea. Também não vieram de Marte. São plantados,
regados, adubados, enfim, cuidados pela omissão de modernos rebanhos espalhados
por todo o país. Quem não se livra do jugo está condenado a viver vida de gado. Definitivamente, não é pra isso que o ser humano veio a este mundo.