A grande “sacada” de marketing nas últimas eleições municipais em nossa cidade foi o jargão utilizado pela dupla vencedora da corrida ao Executivo. “NOVO MODELO”. Concebida a expressão que seria o carro chefe da campanha, foi fácil associar o sucesso de Marcos Coelho e o dinamismo de Juberson Santos. O empresário bem sucedido se colocaria agora, como aquele que levaria Araguari ao auge do desenvolvimento, assistido sempre por seu fiel vice, que inclusive à época, possuía, uma imagem promissora junto à comunidade. Entretanto, a novidade encerra-se no advento do jargão “Novo Modelo”, e o que vemos a seguir é uma repetição de vários erros, que superam em muito outros administradores que por aqui passaram.
Com o advento do “Novo Modelo”, temos uma discrepância gritante, que remete a uma simples análise do modo de produção capitalista, que por sua vez, nos fornece um contraditório que jogaria por terra a candidatura de Marcão e Jubão. Há um abismo enorme entre o Público e o Privado, entre o gestor e o Empresário. Os dois não concorrem, se dissociam entre o serviço de qualidade prestado ao contribuinte (Gestor) e o lucro (empresário).
Em momento algum, o argumento que eleva as qualidades de empresário do atual prefeito deveria ser levado em consideração, ou no mínimo, ter sido submetido a uma análise mais detalhada do eleitor, que prontamente caiu nessa falácia. O Chefe do Executivo trata Nossa Prefeitura, como se dele fosse. Proprietário, dono do Serviço Público, uma de suas empresas. Falta-lhe a capacidade de abstrair, de separar Público (do povo) e privado (dele). Parece-nos, que dentre seus subordinados mais próximos, ninguém tem brios de ensinar-lhe a diferença. Mas como o farão, já que estes também são “dele”? E Incluo o Vice nesse quadro.
Serviço Público prioriza a excelência do atendimento ao cidadão e nunca o lucro. Nesse ponto crucial, poderá o leitor claramente perceber o erro primário da atual administração. As atitudes do Chefe do Executivo e seu secretariado envolvem sempre a expressão “corte de gastos”. Isso em tese, claro, por que na realidade com o inchaço da máquina, existem ”cortes” para manter comissionados, estagiários, empreiteiras e todo um aparato que permite a precariedade administrativa.
Administrar uma prefeitura é totalmente diferente que administrar uma empresa privada. Ouso dizer inclusive, que se um órgão público está dando lucro é por que o atendimento á população não está atingindo 100% de cobertura, seja na Obras, na Educação ou na Saúde. Exceção as empresas de economia mista.
Não discutimos ainda na diferença entre Público e Privado a questão do funcionalismo, sempre deixado de lado, com salários achatados e muitas vezes perseguidos pelos algozes de plantão. Ora, acostumado a lidar com funcionário de sua empresa, certamente o Chefe do Executivo ainda não percebeu que somos servidores do povo de Araguari, não dele.
Consta no Plano de Cargos e Salários, Das Disposições Iniciais, capítulo I, Dos Princípios, Artigo 1º, Parágrafo I:
“A valorização do empregado público e servidor municipal como condição essencial para o sucesso de uma política de pessoal e de atendimento à população voltada para a qualidade e eficiência de prestação do serviço público;”.
O parágrafo citado na sua totalidade resume plenamente minhas considerações sobre lucro (privado) e qualidade de serviço prestado (público). Porém, valorização do servidor não é prioridade do atual governo, que andando na contramão do mundo do trabalho, não vê necessidade de melhorias na qualidade de vida do funcionalismo. Qualidade que certamente refletiria no empenho destes trabalhadores. Ocorre, no máximo, uma tentativa de bovinização, com palestras que não causam impacto na vida dos servidores, pois são totalmente fora da realidade, do contexto de vida da maioria. Parecem, inclusive, serem retiradas de desenhos como Pequeno Pônei, Moranguinho, misturados com livros de auto-ajuda de Augusto Cury. Pelo menos, no setor deste que vos escreve, existe uma tentativa de infantilização no tratamento para com o servidor.
Não era minha intenção tratar de assuntos referentes ao servidor aqui, mas o exemplo de tratamento que o trabalhador recebe na prefeitura atualmente cai como uma luva na exemplificação do público e privado. Lógico que aqui faço uma análise mais rasa do assunto, porém de extrema utilidade para o pleito de 2012.
Um amigo procurou-me e perguntou o que eu achava de uma possível candidatura de um bem sucedido empresário daqui, do ramo de supermercado. Fui sincero, disse que não votaria nele jamais, considerando o que estou passando com o atual governo, que também é de um empresário. Nada contra quem mantém seu próprio negócio dignamente, mas gato escaldado...
Bem, ele não gostou, lamento. Mas cair duas vezes no mesmo conto é falta de massa encefálica.
O que Araguari precisa realmente é de candidatos com compromisso e programa de governo. Necessitamos de pessoas que estejam dispostas a dar um giro de 360º graus na atual conjuntura. De aventureiros, sejam eles empresários ou psicólogos, já estamos saturados. Vamos ver quem se habilita, mas já aviso que não seremos tão ingênuos como antes. Caro leitor, um jargão é fácil de criar, de “pegar”. Mas e na hora de aplicar?
De novo, até agora nada vi.
Wellington Colenghi, funcionário público municipal