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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Liberdade de imprensa

Em algumas oportunidades, falei aqui sobre a captura de membros da imprensa pelo poder político da cidade. Infelizmente, quem não se vende acaba sofrendo perseguições pelos poderosos de ocasião. Isso é um mal terrível não somente para os perseguidos, mas também e principalmente para a própria sociedade, que passa a ser "informada" preponderantemente por aqueles jornalistas/radialistas venais.
Melhor que mil palavras minhas, o belo artigo do competente Luis Muilla, publicado originalmente no Gazeta do Triângulo (edição de 11/08), demonstra a necessidade de sabermos até que ponto são confiáveis aqueles que atuam na imprensa e nas emissoras de rádio araguarinas. Vejamos.
A imprensa araguarina e os "donos da verdade"
Luiz Muilla *

Sem sombra de dúvida, a imprensa é fundamental em qualquer Estado que se queira democrático. Sua liberdade e autonomia qualificam o regime. A luta para alcançá-las e aprimorá-las tomba muita gente boa aqui e alhures. Porque, indiscutivelmente, para toda sociedade civilizada, a imprensa é a maior fiadora do equilíbrio democrático e do pleno exercício da cidadania. E aí, com mais de 70 anos de credibilidade, a Gazeta do Triângulo é um exemplo inconteste de como fazer jornalismo de forma imparcial, mesmo com os “donos da verdade” acreditando que podem mudar essa linha.

A falta de informação, corrente, atualizada e disponível, oferece atalhos seguros para medidas antidemocráticas; abriga toda sorte de atos violentos; estimula a tentação dos adeptos aos regimes de exceção. Não havendo denúncia dos desmandos, os detentores da força, desprovida de direito, sentem-se à vontade para qualquer tipo de aventura.

É preciso ter em mente que o abuso, o desvio ou o uso impróprio do poder jornalístico é pernicioso, desnatura a democracia. Seu desregramento, sua pusilanimidade, por um ínfimo momento que seja, converte-a em ente nocivo, mais destruidor que a pior e mais truculenta das ditaduras.

O exercício do jornalismo com objetivos escancaradamente personalistas, visando benefício próprio ou de grupo, torna-o mofino; deserta seu determinismo basilar de informar com isenção, entreter com criatividade e educar com respeito. E, infelizmente, isso acontece em nosso município. Na maioria das vezes por pessoas que acreditam ser jornalistas, quando na verdade não passam de meros bonecos manipulados.

Não raro, parte da imprensa se esforça em ir além do trivial. Divulga ações desacertadas de políticos, agentes públicos e até mesmo de gente do vulgo. Sempre com fumaças de imparcialidade, bombardeia, martela, instiga, persegue, denuncia fato que, mais adiante, revela-se despido da celeuma que lhe foi açodadamente imposta. E o outro lado? Ora, isso fica para depois. O mais importante é vender a “notícia”. Onde está a ética nisso?… Como diz sabiamente Boris Casoy: “isso é uma vergonha”.

Não restam dúvidas de que o sol brilha para todos, no entanto, em Araguari existem dois tipos de imprensa: a séria, que segue o espírito real do jornalismo, e a passageira, que vem para tumultuar e confundir a comunidade, mesmo sem possuir qualquer credibilidade, pois acabaram de chegar e se sentem a última bolacha do pacote.

O jornalista desempenha um importante papel na sociedade, e é de sua responsabilidade o conteúdo da mensagem publicada e sua repercussão. O jornalismo é ele próprio um construtor da realidade, assim, é indispensável que esta realidade transferida para o papel seja a mais objetiva e convicta possível.

Leitor use a sua inteligência ao receber uma informação, e não se esqueça de  analisar o veículo de onde ela partiu, afinal de contas, papel aceita de tudo e até papagaio fala.

 * Integrante da imprensa falada e escrita de Araguari e região há duas décadas


4 comentários:

Aristeu disse...

A imprensa tem o poder. Ela é estopim e ogiva. Como tais pode ser adquirida com moeda corrente e provocar estrondos pirotécnioos de camuflagem ou de intimidação.

Unknown disse...

Muilla é um grande sujeito. Sempre tivemos ótimo relacionamento profissional, quando estive na gestão pública e ele como repórter. Mesmo em situações onde divergíamos de ponto de vista.

Acima de tudo, deve prevalecer nesse tipo de relação profissional, o respeito, a civilidade e o preparo para o diálogo.

Com o tipo de retaliação que ele sofreu, quem perde é o jornalismo e, via oblíqua, a comunidade, privada de informação imparcial e, acima de tudo, profissional.

MInha solidariedade ao "grande" Muilla...

Alessandre Campos disse...

Os "bonecos" manipulados; os ditadores da verdade "deles"; os pseudo-jornalistas; os traficantes da notícia; os vendilhões da ética e da moral; os falsos profetas do poder; os difamadores dúbios; os perseguidores do dinheiro público, a estes há apenas uma única justiça: a de Deus!!!

Essa dívida será cobrada mais cedo ou mais tarde, portanto, jamais prescreve!

Alessandre Campos disse...

Estava analisando a postagem e perguntei para o Aurélio Buarque de Holanda o que significa IMPRENSA. Ele me disse que imprensa é:
1. Máquina com que se imprime ou estampa;
2. A arte da tipografia;
3. Qualquer meio de comunicação de massa.

DITADURA, ele me disse que é:

1. Forma de governo em que todos os poderes se enfeixam nas mãos dum indivíduo, dum grupo, duma assembléia, dum partido, ou duma classe;
2. Qualquer regime de governo que cerceia ou suprime as liberdades individuais.

E, também me disse, que JORNALISMO é:

1. Atividade profissional da área de Comunicação Social que visa à elaboração de notícias para publicação em jornal, revista, rádio, televisão, etc., acompanhadas ou não de comentários.

E durante essa conversa com o Aurélio, perguntei-lhe o que vem a ser LIBERDADE, e ele me disse o seguinte:

1. Faculdade de cada um se decidir ou agir segundo a própria determinação;
2. Poder de agir, no seio de uma sociedade organizada, segundo a própria determinação, dentro dos limites impostos por normas definidas: liberdade civil; liberdade de imprensa; liberdade de ensino;
3. Faculdade de praticar tudo quanto não é proibido por lei.

Ao longo dessa conversa, Aurélio me alertou que tomasse cuidado em relacionar jornalismo com jornal, pois este além de ser um periódico de folhas soltas encasadas, no qual se publicam notícias, entrevistas, comentários, anúncios, informações úteis para o público, também, significa paga de cada dia de trabalho; salário, jorna.

Após tantas informações, fiz uma reflexão perguntando-me:
1) Araguari, então, possui imprensa?
2) Existe aqui um modelo de governo ditatorial?
3) Há uma atividade de jornalismo exercida sob os princípios da Comunicação Social com o intuito de informar o público de forma imparcial?
4) A produção de jornal ou de jornalismo é só pela paga do dia, seja qual for a fonte da informação ou da fonte pagadora pela notícia?
5) Um jornaleco pode ser considerado Jornalismo e quem o faz pode ser considerado Jornalista?
6) O ditador exerce sua liberdade mesmo cerceando a liberdade de outrem?
7) Aquele que aceita e executa a ordem de um ditador está exercendo sua liberdade?
8) Mentiras ou notícias manipuladas fazem parte da liberdade de imprensa?
9) O jornalismo e o jornalista tem o intuito de denegrir a imagem ou perseguir alguém?
10)O que é ética e moral?

Se alguém puder me ajudar a responder...

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