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terça-feira, 30 de maio de 2017
Aécio, Joesley e a Tarja Preta
Escutas telefônicas costumam pegar pessoas com as calças na mão. É como dizia o ministro Teori Zavascky: puxa-se uma pena, e vem uma galinha inteira. Não raro, expõem o uso do poder político para tirar do caminho agentes públicos que estejam atrapalhando a atuação de grupos criminosos. Por isso, a correlação contida no título deste post não é tão absurda quanto parece. Ela mostra as semelhanças no modo de agir de associações formadas para praticar crimes.
Dias atrás, vieram à tona as conversas captadas pela Polícia Federal (PF) na Operação Patmos, que redundou no afastamento do senador Aécio Neves, na prisão de dois de seus parentes e na apreensão de malas de dinheiro (clique aqui). Diversos diálogos comprometedores. Em um deles, o senador e o empresário Joesley Batista, um dos donos da empresa JBS, valeram-se da mesma expressão tradutora da vontade de remover obstáculos às suas empreitadas: "tem que tirar esse cara" (clique aqui). O "cara' a ser varrido do caminho é Leandro Daiello, diretor-geral da PF, responsável, entre outras, pelas investigações da Lava Jato, Carne Fraca e da própria Patmos. Curiosamente, dias depois, o presidente Michel Temer trocou o ministro da Justiça (clique aqui). Isso causou imediata reação dos delegados federais. Eles temem que a mudança no Ministério represente uma ingerência indevida no trabalho da PF, causando a troca do diretor-geral da corporação (clique aqui),
Um corte para o ano de 2013, quando foi deflagrada a Operação Tarja Preta, aquela que desbaratou uma organização criminosa que fraudava licitações e contratos em Goiás. Com a divulgação das escutas telefônicas, também vieram ao conhecimento público inúmeros diálogos comprometedores. Muitos deles envolviam integrantes do governo municipal. Para fins de comparação, destacam-se três. No primeiro, o advogado Tomaz Chayb, que é réu em diversos processos criminais no vizinho estado, conversou com o então subprocurador Marcel Mujali sobre a necessidade de se trocar o pregoeiro Neilton dos Santos Andrade, que, segundo eles, estaria atrapalhando "os trabalhos" (clique aqui). No segundo, ambos falam que é preciso tirar o então controlador-geral do município Alírio Gama (clique aqui). No terceiro, o advogado afirma que o então secretário de Administração deveria ser exonerado porque estava "fazendo oposição" (clique aqui). Logo em seguida, o então prefeito Raul Belém substituiu os três agentes públicos que, na visão do advogado, estariam dificultando a atuação do "grupo".
O desfecho da Tarja Preta em Araguari é deveras conhecido. Todos os fatos envolvendo agentes públicos locais foram considerados legais pelos órgãos de fiscalização. Espera-se que a Operação Patmos tenha destino diferente. Não se receita Tarja Preta como precedente. "Estancar a sangria" é a metástase da corrupção.
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