Assim que as primeiras notícias sobre a Operação Tarja Preta pipocaram na cidade, o prefeito, Raul Belém, foi às emissoras de rádio prestar informações. Noticiou a rescisão do contrato com o escritório Chayb & Máscimo, a exoneração de dois servidores e o afastamento temporário a pedido do procurador-geral, Leonardo Borelli. Na ocasião, afirmou que o advogado Tomaz Chayb somente foi contratado pelo município em setembro deste ano. Entretanto, as transcrições das escutas telefônicas desmentiram essa afirmação. O advogado, que é investigado em Goiás por supostas fraudes em licitações e contratos administrativos, já atuava na Prefeitura desde abril deste ano, demonstrando, inclusive, ter influência na tomada de decisões (clique aqui).
Em alguns trechos das conversas telefônicas capturadas pelo Ministério Público de Goiás por ordem judicial, são noticiados contatos de trabalho entre o prefeito e o advogado Tomaz Chayb muito antes de setembro. No dia 09/04, o advogado informa ao empresário Vivaldo que a conversa com o prefeito realizada na noite do dia anterior "foi boa, que ele (o prefeito) deu todo o respaldo possível" (pág. 322). Em 10/04, essa reunião foi objeto de conversa com uma pessoa não identificada, ocasião em que o advogado reiterou que "o prefeito lhe deu todo o respaldo possível" (fl. 323). No dia 16/04, o subprocurador Marcel informa ao advogado que, assim que este chegar em Araguari, irão ao encontro de "Raul e companhia" (pág. 340). Já no dia 04/05, o encontro seria entre o prefeito, o procurador-geral do município e o referido subprocurador (pág. 385). Mais que isso, o próprio prefeito teve uma conversa telefônica com o advogado capturada no dia 23/05. Na gravação, Raul pede o advogado que, assim que chegar na cidade, "o procure no Gabinete" (pág. 417).
Essas conversas de trabalho indicam, de plano, que o advogado trabalhava de forma ilegal no município. Vale dizer: prestava serviços sem cobertura contratual (clique aqui). Pior: sinaliza que o prefeito tinha conhecimento dessa situação.
Não somente por esses fatos, mas por muitos outros ainda não esclarecidos, a exemplo da possível influência do empresário Vivaldo na contratação do escritório Chayb & Máscimo, o prefeito Raul Belém deveria vir a público explicar à sociedade qual é o tipo de ligação que ele e outros integrantes do governo tinham com Tomaz Chayb, quem foi o responsável direto pela sua contratação e quais foram as licitações e contratos em que o advogado efetivamente teve influência.
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Post atualizado em 31/10/2013 às 17h23.