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domingo, 24 de janeiro de 2010

O que fazer com essa tal liberdade....

Não quero, jamais, ser considerado um crítico da liberdade de imprensa. Ao contrário, além de defendê-la na condição de profissional do direito, de certa forma, valho-me também dela para usar este espaço democrático da blogsfera.
Contudo, na condição de cidadão araguarino e de mero leitor dos jornais e ouvinte das emissoras de rádio da cidade, não posso ficar calado diante de alguns absurdos escritos e falados em nome dessa tal liberdade.
Na edição de 14 passado do Correio de Araguari, o subscritor da coluna Salada Mista, sob o pretexto de defender a liberdade de imprensa na cidade, teceu críticas aos politiqueiros que, segundo ele, tentam silenciar integrantes da imprensa escrita e  falada. Nada mais natural que um jornalista defenda a sua independência e a de seus colegas. Entretanto, como em Araguari o buraco é sempre mais embaixo, a questão erece uma análise mais aprofundada.

Para entendermos o quadro, é preciso saber quem está criticando os denominados politiqueiros. Trata-se, no caso, do senhor Limirio Martins, que além de assinar aquela coluna semanal e apresentar três programas diários na Rádio Araguari, ocupa cargo comissionado na Prefeitura. Com essa informação e considerando outras manifestações dele, já é possível extrairem-se algumas conclusões.
Primeiro, ao que tudo indica, os tais politiqueiros serão sempre aqueles que fizerem oposição ao governo ao qual pertence o referido radialista.  Essa afirmação é comprovada, inclusive, pela manifestação do brilhante jornalista Ronaldo César Borges, na coluna Drops do Gazeta do Triângulo, que noticiou a perseguição que aquela emissora de rádio vem fazendo aos vereadores que votaram contra o projeto Somma, originário do Chefe do Executivo, que, coincidentemente, pertence ao mesmo partido do Senador Wellington Salgado, proprietário da emissora.
Segundo, paradoxalmente, o radialista acaba sendo a maior vítima da praga que ele mesmo combateu, uma vez que, ao assumir cargo comissionado na Prefeitura, deixou-se capturar pelo poder político, abdicando daquilo que é mais caro a um jornalista: a imparcialidade. Qual a credibilidade de um homem de imprensa cujas manifestações são contaminadas pelo seu manifesto interesse em agradar os governantes de ocasião e, com isso, permanecer no cargo público?

Pode até parecer ranhetice desse humilde aprendiz de blogueiro, mas as conclusões acima, sobretudo a segunda, foram também confirmadas pela mais patética cena produzida no jornalismo araguarino. Dias atrás, durante entrevista no programa Salada Mista, na mesma Rádio Araguari, o ilustre radialista perguntou ao Prefeito Marcos Coelho, coincidentemente seu chefe na Prefeitura, se os ocupantes de cargos comissionados teriam aumento de salário. Vale dizer: atuando em causa própria, demonstrou parcialidade e confundiu a relevante missão de um jornalista com o seu mero interesse particular em ter o salário aumentado (recomposto).

Diante disso e já pedindo desculpas pela insistência em temas desagradáveis, encerro esta postagem com algumas perguntas. Esse comportamento  do radialista obedece aos limites da  liberdade de imprensa? Ou, ao contrário, escancara a forma aparentemente velada como o poder político consegue capturar membros da imprensa, tornando-os dóceis e subservientes? Atitudes dessa espécie são ainda exceções ou estão se tornando regra em Araguari? Diante desse tipo de fato, qual o grau de confiabilidade da imprensa em Araguari? Reflitamos...
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