Até que enfim apareceu alguém do governo para falar a verdade sobre o "Hospital Municipal". Tocando na ferida, a secretária de Saúde, Iolanda Coelho da Costa, em entrevista à Rádio Vitoriosa, informou que não há como o HM funcionar devido à falta de recursos para sua manutenção. Citou, por exemplo, a insuficiência de recursos para a contratação de médicos, para o funcionamento de um centro cirúrgico e, até, para o custeio da alimentação dos pacientes.
Essa afirmação da secretária só confirma aquilo tudo que já falamos aqui desde o início do blog. O governo Marcos Alvim foi extremamente irresponsável (poderia até ser usada palavra pior) ao iniciar uma obra sem ter garantidos os recursos para o seu funcionamento. Ninguém na época questionou isso, deixando o ex-prefeito livre para tocar uma obra fadada a ser um "elefante branco". Chamo a atenção especialmente para a omissão da Câmara de Vereadores, que se curvou, criminosamente, ante os erros do Executivo no "planejamento" e na execução da obra.
De lá para cá, tivemos uma sucessão de tentativas infrutíferas de resolver o problema. Esse insucesso não se deve exclusivamente à falta de recursos. Outros fatores contribuíram para isso. O principal deles é a forte pressão política exercida por empresários do setor de saúde. E nessa hora não é possível "livrar a cara" da Associação Médica de Araguari, mantenedora da Santa Casa de Misericórdia. Afinal, essa entidade é justamente a maior beneficiada com a falta de um hospital público na cidade. Basta ver os milionários pagamentos feitos àquela entidade pelo município, para confirmar isso. Obviamente, se existisse uma instituição pública na cidade, os ganhos do setor privado seriam drasticamente reduzidos.
Portanto, se não for feito um trabalho político hercúleo junto à União e ao Estado, o HM jamais funcionará, uma vez que os recursos do município são insuficientes, como disse a secretária. Além disso, se não for neutralizada ou reduzida a forte influência dos empresários da área médica (hospitais, clínicas, laboratórios, etc.) sobre as decisões da Prefeitura, nada mudará. Assim, como não há vontade política de mudar esse quadro pelo atual governo, é bom que esqueçamos a possibilidade de ter, no curto prazo, um hospital público de qualidade na cidade.