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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Sem água há três dias, Blumenau afasta funcionário que encheu piscina com caminhão pipa

Um funcionário do órgão de abastecimento de água de Blumenau (SC) foi afastado nesta quarta-feira após ser denunciado por usar um caminhão-pipa para encher a piscina de sua casa. Um terço da população da cidade está sem água desde segunda-feira.
Segundo a denúncia de uma vizinha, o motorista do Samae (Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto) José João da Costa, 48, chegou em casa na noite de anteontem com o caminhão e, ao ser questionado por ela se distribuiria a água, disse que era para "uso particular".
A estudante de direito Aline Votri, 28, autora da denúncia, disse que foi hostilizada por Costa ao fotografar a cena. À Folha, ela afirmou que duas vezes por ano o servidor enche a piscina com caminhão-pipa para dar banho em seus cães, o que ele nega.
Costa disse que a acusação da vizinha é "grotesca" e que levou a água para casa para distribuir aos outros. A versão de Costa foi confirmada por três vizinhas ouvidas pela reportagem.
Ele afirmou que Votri queria ter sua caixa d'água cheia, em vez de encher baldes, como faziam os outros vizinhos. A mulher do motorista contou ter um histórico de atritos com a autora da denúncia.
"Eu trouxe [a água] por minha conta. Trabalhei até 11 horas da noite e não ia ter água para tomar banho? Eu tinha levado água a mais de dez creches (...) Fiz uma coisa que não poderia, mas ajudei um monte de gente. Eu faço isso pelo povo", disse Costa.
O presidente do Samae, Evandro Schüller, disse que Costa, funcionário do órgão há 22 anos, responderá a uma sindicância e pode até ser demitido.
Schüller criticou "a utilização da máquina pública em benefício próprio". "É um ato que não pode passar batido na situação complicada que passamos", afirmou Schüller.

Clique aqui e leia a reportagem completa no site da Folha.

Pitaco do blog
A notícia veio de Blumenau. Mas fatos semelhantes ocorrem Brasil afora.
O que causa maior espanto nessa história é a insensibilidade de um "funcionário público" diante de uma calamidade também pública. Aflorou, no caso, o cadáver insepulto da velha administração patrimonialista. Confundiu-se o público e o privado.
Graças à participação de uma cidadã, que denunciou o fato, o final deste filme poderá destoar do script de impunidade. Agora, deve-se aguardar o desfecho dos procedimentos administrativos e torcer para que a pizza não prevaleça.

Somma de buracos

Fins de 2009 e início de 2010, o Projeto Somma era considerado a tábua de salvação das avenidas que ligam a BR-050 à MG-223. O município contrairia empréstimo de R$ 5,5 milhões junto ao BDMG, utilizando parte desse valor na recuperação das avenidas-rodovias. O governo tinha pressa na sua aprovação. Traidores: assim foram chamados os vereadores que eram contra a obtenção do empréstimo.
Início de 2011. Nada de luz no fim do túnel. Os usuários das vias continuam a ver navios. Ou melhor, buracos. Acidentes acontecem ali. Motoristas e moradores sofrem. A imagem da cidade se deteriora. Só os borracheiros têm motivos para comemorar.
Reportagens da Gazeta do Triângulo e do Portal Megaminas tocam no assunto. Retratam a situação das vias. O governo tergiversa. Afirma que os recursos ainda não foram liberados.
Resposta lacônica. O governo Marcos Coelho continua nos devendo uma informação mais convincente. Queremos mais transparência. Onde está a urgência que motivou acaloradas discussões sobre o projeto? Perdeu-se no tempo? Era só jogo de cena? Por que os recursos ainda não estão nos cofres do município? A Prefeitura fez a sua parte, elaborando corretamente os projetos necessários?
Essas dúvidas, caros amigos, não são fruto da minha mente maldosa. São, isto sim, consequências da mera observação do passado recente. A gestão atual da cidade transforma qualquer obra em novela. Paradoxal, o governo Coelho move-se como uma tartaruga. Querem exemplos? A reforma da Casa da Cultura e a adaptação da sala do antigo Cine Ritz vêm batendo recordes de lentidão. Continuamos sem explicações. Será que a recuperação das avenidas-rodovias seguirá o mesmo caminho?

Força tarefa de combate à dengue chega à cidade na segunda

Cinco bairros de Araguari (Brasília, Novo Horizonte, Santa Helena, São Sebastião e Aeroporto) com o Levantamento Rápido do Índice de Infestação de Aedes aegypti (LIRAa) entre 3,4% e 6,7%, terão as ações de combate a dengue intensificadas a partir de segunda feira (31). A equipe da Força Tarefa, do governo de Minas, atuará na cidade até o dia 11 de fevereiro com 59 agentes, quatro mobilizadores, dois Dengue móvel e outros 100 agentes municipais. Enquanto o Ministério da Saúde preconiza índice de até 1%, Araguari registra 4,5%, o que a caracteriza como cidade prioritária junto com outras 64 em todo o estado.

De acordo com o prefeito Marcos Coelho de Carvalho, a atual realidade da dengue na cidade é preocupante. “Precisamos contar com a ajuda da população, uma vez que 97,7% dos criadouros estão dentro das residências”. Haverá trocas de objetos como pneu, garrafas pet e latas por materiais escolares.

Uma empresa de grande porte também vai disponibilizar 12 funcionários e um trio elétrico para divulgar os trabalhos e fazer o alerta sobre a doença na cidade.

Transcrito do Correio de Uberlândia.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Poder é serviço e não regalia!

Dilson Martins de Oliveira *

No domingo, dia 9, na Igreja Nossa Senhora do Rosário, a celebração envolveu o batismo do nosso Senhor Jesus. E o sacerdote frisou a relutância de João em batizar Jesus visto que ele, João, é que deveria ser batizado por Jesus. E relembrou-nos o sentido do batismo – Compromisso, Aceitação, Trabalho, citando a frase título desta explanação.
Para explicar relatou a crença dos homens pela vinda de um ente rico, poderoso, cercado de facilitadores em razão do poder que eliminaria qualquer tipo de “serviço”. Ao contrário, Jesus não mostra armas, não tem empregados, não exibe riqueza, muito menos dá ordens. Assim, Jesus condicionou o sentido do título do nosso texto.
Agora o bicho pega! De forma clássica, as posses de nossas autoridades têm não apenas agradecimentos a Deus, mas também, a citação bíblica de que todo poder emana dele. Que o acento do poder é obra divina. Por pouco, não se intitulam a presença e vontade de Deus na terra. Até aí tudo bem, pois, nada acontece mesmo sem a permissão do Altíssimo.
O lamentável é que o livre arbítrio deu margem para os nossos eleitos usufruírem dos pontos que lhes são convenientes. Desta forma, o poder tem sido transformado em regalia e não em serviço.
Enquanto nossas necessidades são expostas e escancaradas por nossos próprios iluminados, estes mesmos, aparecem empenhando na melhoria de gabinetes, obtenção de móveis novos, prédio próprio e é claro, mais modernos. Recentemente, alguns empossados iniciaram fazendo “justiça” logo no primeiro dia de “serviço” - uma recomposição de 62% nos próprios salários. Também, reestruturar isoladamente setores da máquina pública pode, o resto é com a Lei 041/2006 (Plano de Cargos e Carreiras). Vale lembrar que nossa prestimosa procuradoria “vai muito bem”.
E se depois de tudo a coisa ainda ficar feia, um reajuste tributário, um arrocho na folha de pagamento é coisa simples, rápida e silenciosa. Basta para isso, afirmar necessidades emergenciais e executar o procedimento o mais rápido possível. Convencer que apesar da amargura do remédio ele só nos trará benefícios. Motivo pela rapidez que foi ministrado - Tapam-se os olhos, fecham-se as narinas e enfiam goela abaixo.
E se ninguém percebeu, as necessidades do povo ficaram no esquecimento!
Não é rara, frente à inoperância, a aclamação por mais poder para a concretização das “melhorias” – Se eu fosse Prefeito... Deputado...Senador... Presidente... Observação: é aconselhável ter muito cuidado ao fazer questionamentos e, estar preparado para uma batalha se atrever a fazer cobranças! Inconscientemente dada nossa fragilidade temos aflorados egoísmo e inveja vendo-os ostentar as benesses do dinheiro e da fama. Em breve os estaremos vendo “forçosamente e a contragosto” tendo de readequar seus salários.
E para fazer justiça, vez e outra, aqui e dali, um e outro “serviço”, digo, projeto é apresentado e até sancionado. Pena isto não significar muita coisa. Talvez dependa da cara do freguês. Exemplificando; este mesmo jornal noticiou (14 de janeiro 2011, página 3) a construção de estacionamentos em parte dos canteiros centrais da avenida Minas Gerais, na área próxima ao Centro Universitário Presidente Antônio Carlos. Apesar do “mundo desenvolvido” empenhar na diminuição do uso de veículos automotores em benefício da saúde das pessoas e do planeta. Aqui, os trechos naturais mais belos de nossa cidade (canteiros centrais das avenidas Minas Gerais, Belchior de Godoy e Mato Grosso) poderão estar com os dias contados.
Contudo, segundo o sacerdote, poder é serviço e não regalia! Indistintamente, nenhuma de nossas excelências foi pressionada e/ou forçada a nos pedir autorização para nos representar. Sabiam das nossas necessidades e aflições, inclusive, “somente” por este motivo dispuseram a lutar para mudar esta triste realidade. Ironicamente também, há casos em que a disputa é mais financeiramente dispendiosa do que todo dinheiro oficialmente ganho no mandato. Isto nos leva a pensar que o altruísmo destes entes na terra é mesmo digno de contemplação e honrarias, ou, será que estão é a perseguir regalias?
E vejo que: qual João somos nós! Peças importantes no projeto de crescimento e progresso de nosso lugar e também da humanidade. E qual Jesus é nosso escolhido! Ungidos no batismo de suas posses com: compromisso, aceitação e trabalho em benefício do Povo.

* Funcionário da prefeitura de Araguari e Ex Diretor Sindical

Artigo publicado originalmente no jornal Gazeta do Triângulo, edição de 18/01/2011.

Pitaco do blog
Para aqueles que ainda não leram, resolvi publicar este artigo escrito pelo Dilson. Como em outros textos, o autor faz um análise crítica da gestão do município. Reportando-se a diversos fatos, fundamentadamente ele vai traçando um perfil (nada animador, diga-se de passagem) da administração pública em Araguari.
Como a nossa intenção é conhecer um pouco do que se passa no poder para, depois, mostrar para os leitores, a contribuição do autor será sempre bem-vinda. Assim, espero ter a honra de poder publicar aqui outros textos dele.

Metas de ações em combate à dengue são discutidas hoje pela equipe Força Tarefa e autoridades

Escrito por Samara Arruda


Qui, 27 de Janeiro de 2011 04:35

Acontece hoje no auditório da GRS - Gerência Regional de Saúde em Uberlândia a reunião de apresentação das propostas de ações e programação da mobilização Força Tarefa de Combate que será realizada em Araguari, Passos e Frutal a partir do dia 31.

Na oportunidade participam o prefeito Marcos Coelho (PMDB) a secretária de Saúde Iara Cristina Borges e representantes do Departamento de Zoonoses e da Divisão Epidemiológica da secretaria municipal de Saúde, bem como as demais autoridades políticas e de saúde da região. A reunião será para discutir os dados estaduais e municipais relativos à dengue.
A ação da Força Tarefa foi criada pelo Governo de Minas em novembro de 2010 objetivando intensificar as ações de combate à dengue. A equipe percorreu 18 municípios mineiros com alto grau de infestações até o momento.
Nesse início de ano, diversos mutirões foram realizados, como nos distritos de Amanhece e Piracaíba, onde cerca de 25 funcionários trabalharam com a coordenação de projetos de conscientização, prevenção e combate, pois é uma região que apresenta grande índices de focos.
O governo de Minas destinou para o primeiro semestre de 2011 cerca de R$ 60 milhões para o combate à dengue. A mobilização foi criada visando estimular as pessoas a participar numa ação conjunta com parceiros. A ação conta com cerca de dez ônibus para dar suporte às equipes de trabalho, 70 carros fumacê, 600 bombas costais, nove caminhões chamados de Dengue móvel e 20 Dengômetros, 432 pessoas, sendo 200 soldados do Exército, 40 da Aeronáutica e 192 agentes de saúde.
A Força Tarefa atuará nos 20 municípios mineiros que apresentam maior incidência da doença fazendo uma varredura em áreas consideradas de risco, eliminando focos do mosquito.
Os caminhões que integram a equipe serão transformados em Dengue Móvel e circularão pelas cidades trocando entulho por material escolar. Pneus, latas e garrafas pets serão trocados por 45 mil cadernos e 125 mil borrachas e lápis.
De acordo com o diretor da Gerência Regional de Saúde (GRS), Daltro Catani, a Força Tarefa é necessária, uma vez que a expectativa de notificação da doença para 2011 é de 500 mil casos em todo o estado, o dobro do registrado no ano passado. “Os casos aumentam ano a ano. Para revertemos esse quadro se faz necessário o trabalho do poder público e principalmente da população. É preciso que todos entendam que a dengue é uma doença que mata. Por isso a secretaria usa o conceito ‘Agora é Guerra’ para atingir e sensibilizar as pessoas”, disse.

Transcrito do Gazeta do Triângulo.
 
Pitacos do blog
Trata-se de uma boa notícia. Creio que a Força Tarefa, nos moldes da que foi realizada em Uberlândia e em outras cidades, pode contribuir efetivamente na redução dos casos de dengue.
O mais interessante, a meu ver, são as ações de sensibilização da população. Essa proposta de trocar potenciais criadouros (garrafas pet, pneus) por material escolar (cadernos, lápis e borracha) pode produzir bons resultados, reduzindo o número de berços do mosquitos e conscientizando a população.
Há outro de destaque que é a participação mais direta da própria Secretaria Estadual de Saúde nessas ações. Oxalá essa intervenção consiga neutralizar um pouco dos eventuais erros e exageros praticados pelos gestores da dengue em Araguari.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Para o mundo que eu quero descer...

Hoje estou meio ranzinza. Em parte, deve ser a TPT, tensão pré-trabalho. Agora, as notícias do Brasil também contribuem para esse estado d'alma.
As manchetes da Folha de São Paulo de hoje sintetizam bem o que é o nosso Brasil. Vejam:

Presidente do TCU dá aula paga a órgãos que fiscaliza
Benjamin Zymler recebeu pelo menos R$ 228 mil por palestras desde 2008

Ministro do tribunal afirma que palestras e cursos ministrados por ele de 2008 a 2010 eram "atividades docentes"  


Duas tetranetas de Tiradentes também vão pedir pensão

Uma das descendentes do mártir da Inconfidência já recebe benefício do governo, concedido por lei de 1996


Carolina Ferreira disse ter direito à pensão e só não a pediu por falta de tempo: "Se entrar, é tranquilo que ganha" 


Lula defenderá a volta de Delúbio, diz dirigente do PT

André Vargas afirma que ex-tesoureiro foi "injustiçado" e merece retornar


"Nenhum de nós tem condição moral ou política de dizer que ele não pode militar no PT", diz secretário da sigla 


Acordo dá presidência de Furnas ao PMDB

Acerto prevê escolha técnica para estatal (kkkk)


Alckmin sai em defesa de aliado condenado pelo STJ

Ex-prefeito de Taubaté assume fundação com orçamento de R$ 2,5 bilhões


"Ele é honesto", afirma o governador paulista, que foi apadrinhado por Bernardo Ortiz no início da trajetória política 


Menino de 14 anos é flagrado pela 17ª vez ao furtar um carro

Garoto, que cometeu seu primeiro delito aos 9 anos, ainda mordeu o delegado; família diz que "desistiu"


Adolescente estava com mais quatro menores na zona sul de SP e foi perseguido pela PM por quatro quarteirões 

Apesar disso tudo, bom dia a todos.

Água parada e inércia

“A grama do vizinho é sempre mais verde.” O ditado popular serve bem a uma análise da condição política de nossa vizinha de lá do rio, em relação à administração e à funcionalidade dos serviços públicos. Sabe-se que as deficiências do atendimento ao público é lugar comum no país, principalmente, falando em Saúde Pública. Porém, alguns administradores, possuidores de visão, conseguem, ao menos, amenizar a situação.


A questão do combate à dengue é um exemplo que vou aqui tratar, pois é a área que conheço há 15 anos nos serviços de campanha. Percebemos que nossa vizinha Uberlândia consegue alavancar soluções com maior rapidez e eficiência, mesmo possuindo área urbana maior que nossa Araguari, o que em tese, tornaria mais difícil o controle vetorial. Apesar dos problemas com mão-de-obra, capacitação e insumos, a secretaria de saúde aproveita há vários anos a mesma equipe de coordenação e supervisão.

Os gestores de nossa vizinha perceberam que rifar os cargos técnicos é extremamente prejudicial ao PNCD ( Programa Nacional de Controle do Dengue). A troca de coordenação de 4 em 4 anos causa descontinuidade ao serviço e, na maioria das vezes, aquele que adentra a chefia do trabalho é total desconhecedor da técnica, e muitos nem querem se inteirar do serviço. Geralmente, devido a uma mentalidade elitista e retrógrada, não consideram o conhecimento prático do servidor, analisando o trabalhador com uma dicotomia: SUBALTERNO/INCAPAZ. Usam a hierarquia não para o sistema funcionar, mas apenas prejudicar o servidor.

O corre em Araguari uma desestruturação do trabalho logo depois das eleições municipais. Inclusive a orientação dos auditores do Ministério da Saúde é que se fixe uma equipe de coordenação. Deste modo a continuidade do trabalho seguiria normalmente, sem preocupação com a rifa de cargos e garantindo, com a experiência adquirida, a qualidade da execução do PNCD. Deve-se evitar, inclusive, a alta rotatividade que o contrato temporário causa, no caso do servidor de campo. Uma das premissas do PNCD é que o agente se familiarize com os moradores de seu setor. Isso só é possível com concurso público. Contratação é precariedade administrativa.

No ano de 2009, participamos de uma capacitação em Patrocínio, onde estavam presentes os colegas de Uberlândia. Em conversas extremamente produtivas, percebemos que lá a coordenação tem acesso pleno ao secretário de saúde, que apoia e confere condições de trabalho (não de circo) à equipe. Araguari, exceção à época do companheiro Edilvo, o gestor raramente abre as portas para se inteirar dos problemas. Coordenadores e supervisores são barrados, cerceados e amputados ao apresentarem iniciativas. Não se dá “carta branca” para a execução de projetos. Não realizam projetos, mesmo quando nós, agentes de endemias, entregamos tudo pronto e “mastigado,” bastando apenas pôr em prática. Tenho protocolo desses projetos. Nossos administradores ainda não perceberam que, apesar da técnica do PNCD ser exigência nacional, o município tem plena autonomia para elaborar projetos complementares ao Programa. Um dos problemas do PNCD é que ele é imposto de cima para baixo, desconsiderando as micro-regionalidades e condições sócio-culturais de cada localidade. Explico: a técnica nivela todos os moradores, desconsiderando problemas específicos de cada bairro. Simples concluir, que em termos de campanha, não devo tratar o morador do Vieno igualmente ao morador do centro e vice-versa.

Cada bairro tem sua dinâmica e cada morador tem sua maneira de entender a realidade. Em cada bairro predominam tipos diferentes de criadouros. Deve-se pensar uma política que insira, no morador, a consciência de que ele faz parte dessa dinâmica. Ensinar que ele deve cuidar apenas de seu quintal, reduz a capacidade do morador sentir-se como parte de um todo. Deve-se torná-lo sujeito ativo dentro da comunidade. E dar condições dele sentir-se assim. Enfiar goela abaixo ensinamentos de cima para baixo nunca funcionou. Qualquer ser humano despreza o que lhe é imposto.

Nossos gestores e até alguns colegas vêem no mutirão uma solução ao problema. Ocorre que, graças ao apego a medidas paliativas, mutirão aqui no município é sinônimo de “catar lixo” do morador. Parecem não conseguir entender a abrangência do termo. Vinculou-se mutirão a enormes contingentes de servidores na rua, recolhendo lixo dos moradores e depositando-o em cima de caminhões caçamba. O resultado efetivo do mutirão é um paternalismo que leva à inércia do morador em relação à dengue.

Mutirão deve, inclusive, ter apoio de todas as secretarias. Aliás, o trabalho em si deveria ser cotidianamente acompanhado pelos gestores de outras pastas, o que não ocorre no Brejo Alegre. Mutirão deve ser tomado como medida educativa e não apenas trabalho de remoção. Porém, não pensam educação como forma eficaz de combate.

Falou-se em mutirão nos distritos de Amanhece e Piracaíba. O que houve na verdade foi trabalho rotineiro executado pelos servidores. Acontece que, devido a distância e a dificuldade de transporte, elencou-se um número elevado de agentes para terminar essas localidades em menos tempo e fazer única viagem. Somente a titulo de informação:

1 – Visita do agente de endemias é rotina de serviço.

2 – Fumacê leve (costal) ou pesado (caminhão) é trabalho de rotina, desde que no caso do costal, exista pessoa suspeita de dengue no quarteirão e do pesado em caso de surto ou epidemia, mas não sai da rotina, apesar de não ser usado diariamente.

Mutirão se caracteriza por ações que fogem à rotina e envolvam todos os seguimentos da sociedade, com a finalidade de conscientizar a população.

Espero ter esclarecido o companheiro Marcos dono do blog e o leitor, principalmente acerca de ações em que nosso município deixa a desejar. Como já disse antes, Araguari não possui políticas públicas a médio e longo prazo. Vivemos de paliativo. Somem ainda a esses problemas aglutinados aqui por mim o descaso com o servidor, a desvalorização do trabalho de campo, a falta de respeito com quem exerce o trabalho. Adicione a inércia de nossos administradores. Deixo a pergunta....Onde isso vai parar?

Wellington Colenghi
Servidor Municipal perseguido pelo “novo modelo”

Pitaco do blog
Nós, leitores, é que agradecemos a sua colaboração, Colenghi. A sua participação e a de outros servidores da área de combate as endemias vêm nos ajudando a entender o que acontece em Araguari. É por meio desses esclarecimentos que podemos cobrar uma mudança de postura por parte dos gestores da Saúde Pública em Araguari.
Este texto deveria ser leitura obrigatório para os gestores do municipio. Ao que tudo indica, eles ainda têm muito o que aprender. Eficiência, continuidade do serviço público e  respeito aos subordinados e administrados são expressões desconhecidas do novo modelo de administração.

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